Eis que chega sem aviso,
este amor de hora errada.
E como todo que não se avisa,
abusado, se instala.
Acende a lâmpada da cabeceira,
joga-se no sofá da sala.
Impertinente como são
os amores deste tipo
vai logo fechando o portão
como quem decide no grito.
Não lhe incomoda ser pego,
assim, de sopetão,
a caminhar, decidido
a findar com meu sossego.
Os avisos de despejo
que lhe mandei foram inúteis.
Minhas ameaças
lhe soaram um tanto fúteis.
Meus pobres rosários,
já gastos de aves-marias,
padres-nossos e outros quetais
foram como sinfonias,
homenagens, nada mais.
Mães-de-santo, espíritos da luz
com ele mancomunaram-se.
E aí está: não sai mais.
|