AGNÓSTICO
Tão crua a andada pendente e prestes a cair pela rua que sobe... sim, porque só sobe, é incrível, e nunca desce. Estou na rua de casa, que sempre foi a de casa, e agora estou na rua de um bar novo, nunca vim, ou vim uma vez, não sei, ando fumando muito desta incógnita pichada e venerada por uma sociedade quase que bipolarizada... mas vou parar.
Esta rotina mistura diversão com aborrecimento e depressão, já não agüento mais a súbita previsibilidade de fatos e pessoas dentro desta caixa onde algum maldito funcionário incompetente carimbou: VIDA. Não é, deixou de ser. Foge ao controle muito facilmente, e você pisca e engole um gole que é fatal, assim não pode, onde está a tal da utópica e inexistente “Segunda Chance”? Não há. Não é. É tudo feito de uma única chance. A última chance, que é a primeira. A história vulgarmente filosofal de que isso é tudo um rascunho, e cadê tempo pra passar a limpo? Só há tempo para se vomitar desgosto de manhã e ter um onze avos de satisfação em geral, porque a proporção é disparada demais, há significativa desigualdade, tão grande é a fome e tão pequena é a vontade de viver.
Quem mais corre mais tropeça, mas isso é imparcial, é só fato incontestável. É positivo. Porque quero tropeçar, sim, e cair bastante, estou perdendo tempo e tenho que aprender, ou experimentar, pelo menos. Alguma coisa a vida me ensinou, de formas engraçadas, nem te conto, mas é incrível.
Ser Deus seria ter controle do tempo, o tempo é tudo, seria tudo. Mas Deus não criou o tempo, ele criou o dia e a noite, que são bons e deveriam ser bem aproveitados pelo homem. O homem que criou o tempo, por isso controlar o tempo é domar toda essa massificação que foi criada desde a Expansão Marítimo-comercial, aliás bem antes.
Teoria é loucura, porque é uma partícula pessoal individual. É se isolar para criar. Teoria é arte, sentimento próprio que no mundo não há outro igual, nem vai haver. Dois capitalistas fatalmente irão brigar, e dois comunistas fatalmente irão brigar neste futuro de que tratamos aqui... se dois pensassem igual, alguma vez na vida, a metafísica os apunhalaria: dois pensando igual é matéria igual, e é núcleo comum, ao mesmo tempo em que são dois corpos. E dois corpos ocupando o mesmo lugar no espaço é loucura. E se você disser que é uma teoria, eu digo de novo que teoria é loucura. A Física deu as mãos à ideologia e à História humana, a partir do momento em que pensamos que aqueles dois são diferentes, não podem ocupar o mesmo espaço, e são homens desiguais, criaram cada um a sua História.
Assim definido: seria a Geometria ditando uma espécie de representação, ilustração ideológica geral: e capitalismo é uma reta progressista de muitos pontos porém seguindo sempre em frente, não podendo voltar atrás e corrigir as “falhas da sociedade”, das quais eu e você fazemos parte, e o comunismo é um círculo, com tudo determinado num ciclo, que irá sempre se repetir, com seus mesmos pontos, em seus planos qüinqüenais, mas fechado ao resto do mundo, hermeticamente fechado e quase como uma ditadura, e aliás, a ditadura também é o círculo, na Geometria, sendo dura com todos e fechada, porém às vezes é ponto, pois é única em suas idéias e pode se apresentar como um ponto que é parte de uma reta capitalista, aberta às influências estrangeiras, e o Anarquismo, não se precisa dizer que é a linha curva não fechada, nunca fechada, sempre livre e solta no espaço, sem rumos definidos, ela dá voltas, e voltas, e volta, e retorna, e avança, e passa, e vai... estou na linha curva, estou mesmo.
E eu que tanto critico o falho sistema escroto de ensino que pecou desde o início, me obrigando a perder tempo fazendo provas e não aprendendo matérias inúteis, aqui estou justamente aplicando toda esta “vã” informação adquirida, estes ramos tais como a Geometria, justamente para criar um protesto CONTRA as idéias que pregam os dogmas tradicionais da escola, e não para defender. Mas está certo, tem de haver contradiction, a Literatura e a poesia, inclusive as nossas, estão repletas deste fator explorável. Citaria Poe como poeta-gênio cabeçudo mestre das linhas que tecem um conto ou um poema, pois lidava com esta idéia: misturando ficção e terror com realidade e seres humanos como nós. O medo é criado assim. É tudo duplo. Como foi mesmo que eu li outro dia não sei onde? É com contradição e ambigüidade que se consegue equilíbrio, verdade verdadeiríssima, mein freund.
Na verdade estou bêbado, embriagado de tanto não saber, tanta mídia over me e desinformação. Vou pegar de outra garrafa, agora, e aproveitar...
Obs – Texto escrito em verdadeiro estado alcoolizado.
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