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Cordel-->O Caminho do Ouro em Duque de Caxias -- 15/01/2008 - 07:14 (pedro marcilio da silva leite) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Caminho do Ouro em Duque de Caxias



Tudo começa com era uma vez
e a história segue seu rumo.
Foi só o sinal que ela me fez
para que mantivesse o rumo
e, deixasse a “estória” rolar
pois tenho muito pra contar
nessa que é o meu trunfo.

Não há precisão de motivações
até mesmo pelo acontecido
que deu origens a nações
e a povos empobrecidos.
Só basta um aviso de Deus
para o homem fazer o seu
construindo, na dor e no grito.


E foi assim que aconteceu
nos fins do século dezessete
que o ouro nas lavras apareceu.
Quem não sabe devia saber
que na região de Minas Gerais
havia minas ricas por demais
para todo um país enriquecer.

Como contou André João Antonil
foi necessário abrir caminhos
para buscar no interior do Brasil
o ouro que no bolso faz carinho.
O “caminho velho” descreveu
depois que ele percorreu
E, também, não foi sozinho.

Teve o governador Artur de Sá
como companheiro de viagem
Nos quatros meses de caminhar
e dois para descansarem.
Era um caminho áspero e tortuoso,
até a Corte, bastante perigoso,
mesmo para os tropeiros viajarem.

Da cidade do Rio para as Gerais
seguindo pelo Rio das Velhas, famoso,
subia por Paraty com subidas demais.
Até Taubaté era muito pedregoso,
Pindamonhangaba e Guaratinguetá, chão
Roças do Garcia Rodrigues e Ribeirão,
muita caminhada e sofreguidão.

Descoberto o ouro ficou urgente
um estrada “modernizada” na circulação
de gado, cargas, comida e gente
melhorando até a arrecadação
do “quinto”, este imposto real
mandado cobrar por Portugal
como a quinta parte do leão.

Foi construído um novo caminho
e Garcia Rodrigues Paes, o construtor,
arcando com as despesas, sozinho
teve nisso o maior fator
da sua mais difícil empreitada,
uma obra notável e gabaritada
de um grande empreendedor.

Em 1698, ano de sua construção,
e por dezoito meses seguidos
muitos homens com disposição
deu o caminho por construído.
Por sua importância capital
foi “a estrada” do Brasil colonial,
pelos interesses assim atendidos.

Pelas vultosas somas que gastou
e pelas dificuldades financeiras
dois anos de pedágio era favor
e não retribuição verdadeira
mas, determinando uma renda anual
ao jovem Garcia, por decreto real
foi a maneira de pagar derradeira.

Passando pelos fundos da Baixada
às várzeas da Baía de Guanabara,
às margens dos rios que desembocava
nas sesmarias que se transformara
no século dezessete por Estácio de Sá,
nas terras que a vista perdia o olhar
o ouro das gerais, se abrigava.

O destino para o Rio de Janeiro
passava pelos rios Iguaçu e Meriti,
e pelo igualmente Sarapuí.
Eram caminhos tão verdadeiros
que uma capela que havia por lá
e ficava na Freguesia do Pilar
atendendo fiéis viajantes e tropeiros.

Da cidade do Rio de Janeiro
a primeira jornada ia-se até Irajá
à paulista, para chegar inteiro.
A segunda um pouco mais pra lá
do Alcaide-Mor,Tomé Corrêa,
um engenho com eira e beira
para comer, beber e descansar.

Ao porto do Nóbrega, na terceira
às margens do rio Iguaçu, sinuoso,
onde canoa e saveiro são a primeira
opção, por também caudaloso.
Na quarta , o Manoel do Couto,
sítio de muito e tão pouco,
como relata Antonil, padre famoso.

Também na viagem empregada
em embarcação ligeira, um dia
pela nossa Baía de Guanabara
se põe no porto da Freguesia
na Capela da Senhora do Pilar.
Logo, de canoa ao Couto chegará
Pelas águas do Morobaí, outro dia.

Embora o caminho seja novíssimo,
logo de outro havia por precisar.
Por ser íngreme e perigosíssimo
era muito difícil ao ouro transportar.
Sem contar que não eram novenas
mas comida e muitas ferramentas
que sem elas, não podiam trabalhar.
Foi Bernardo Proença, morador
da localidade de Suruí e fazendeiro
do novo trecho do caminho, o autor.
No século dezoito, o quarto primeiro,
O chamado “Caminho do Proença”
do Rio Pilar, marcou sentença
por ter sido seu algoz derradeiro.


Pois, Proença só fez desviar
o tráfego que num se espelha
trocando o movimento do Pilar
pelo intenso movimento do Estrela.
De Pati do Alferes à Serra dos Órgãos
e daí ao seu porto, deixa Pilar órfão
e no Estrela acende uma centelha

Que faz Dom Fernando José
Vice-rei de Portugal mandar
com muita clareza, realeza e fé
a estrada de estrela, calçar.
A região do Pilar foi abandonada
pois, na outra era transportada
as riquezas que estavam a passar.

Ganhou o Porto da Estrela a fidalguia,
Se tornando rota de comercializar
ao invés da pouco antiga Freguesia
da Igreja de Nossa Senhora do Pilar
que então, se tornou grande sensação
no cultivo de cana, milho e feijão
e, na aguardente, sua fabricação.


Portugal logo criou a Intendência
Pois não queria muita facilitação.
A colônia já despertava querência
com o movimento da mineração
e, rolando muito dinheiro,
o rei querendo o seu primeiro
inaugura, depressa, a fiscalização.

Também criou policiamento
com instâncias de tribunal
fazendo qualquer julgamento.
Nesse europeu sistema colonial
os “quintos”, começou a cobrar,
a quinta parte de tudo que achar
era reservado à fazenda real

Imposto que injustamente cobrado,
provocou intenso e sério conflitos
deixando o ambiente conturbado.
Por não poder ganhar no grito,
os mineradores usando criatividade
só ficavam com todo ouro de verdade
levando santos e lebres por cabritos.


Transformando o ouro em pó
para facilitar o contrabando,
davam no Fisco um tremendo nó
e das minas, o ouro iam levando.
Até Portugal descobrir a enganação
e instituir as “casas de fundição”,
para o contrabando ir acabando.

Proibindo o ouro em pó de circular
Só saindo em santo de pau oco,
foi a maneira encontrada de levar
o ouro dentro dos sacros tocos.
Aí, em 1751, veio a derrama,
reino de além mar não se engana
nem se faz ouvido de mouco.

Estabelecida anualmente cotas
e seqüestro de bens do infrator.
Ou paga ou a vida fica torta,
essa é a lei do Estado, senhor,
que proibiu até a fabricação
de peças de ouro e de algodão
prá não perder seu maior pendor.


Pelo caminho do ouro escoava
ouro e diamante que seguiam
para a metrópole que guardava
riquezas que tributos recolhiam.
Como o alheio não tem preguiça
e é mais voltado para a cobiça
era tudo o que mais temiam.

Com o surgimento dos ladrões
atuando ao longo da estrada
aumentou o medo, as tensões
e insegurança na caminhada.
Uma patrulha foi estabelecida
para proteger cargas e vidas
e, deixando a riqueza assegurada.

Em 1781 foi nomeado
de forma e maneira derradeira
um chefe de patrulha afamado
pela rainha dona Maria I,
Joaquim José da Silva Xavier
e, digo para quem não souber,
foi acabar com a roubalheira.


Nascido na fazendo do Pombal
entre São João Del Rei e São José
em diversas profissões foi o tal
Também chamado de “o Xavier”
médico-prático, mascate e minerador
no manejo do boticão era doutor,
esse grande homem de fé.

Até preparar xaropes sabia.
e ornava bocas de novos dentes,
dentes que arrancava ou substituía.
Também era protético consciente
desfrutando de grande popularidade.
No “caminho novo” e na cidade
era conhecido como “o tira-dentes”

Pertenceu ao quadro do Regimento
de Dragões das Minas Gerais.
Como alferes, e com conhecimento,
foi comandante e, dos maiorais,
da patrulha da estrada no caminho
que ligava o rio à Vila Rica e, sozinho
prendeu salteadores e marginais.


Como o bando de contrabandistas
do facínora Joaquim da Montanha
muito arteiro e ágil malabarista
fazedor de truques e artimanhas.
Assim como “mão de luva”, terrível
e famigerado bandido impossível
e mais temido do que a Ariranha.

Sem as promoções pretendidas
pediu licença e foi minerar.
no Paraibuna, a sua vida
pela mineração foi melhorar.
No Porto dos Menezes, tentou
mas sem estrutura logo fracassou
e, para a tropa tratou de voltar.

Em 1788 principiou a articular
com determinação e paciência
usando a sua patente militar
o processo da inconfidência.
Aos amigos incitava-os à liberdade,
aos outros convencia pela verdade,
pela pátria, a moral e a ciência.


Naquele período histórico
de uma efervescência brutal,
todo discurso era gongórico
enfeitando a fala colonial
mas, os quintos seria cobrado
mesmo com multa, dobrado
aumentando os lucros de Portugal.

Tiradentes que até patrulhou
por esses caminhos da riqueza
bem que no início, até concordou
pois com grado, serviu a realeza
atuando como alferes no regimento.
Com altivez , desprendimento
e o garbo da mais pura nobreza.

Mas, não concordando com o rumo
que o novo governo havia tomado
resolveu mudar o prumo
depois de muito ter questionado
Para o Visconde de Barbacena
o momento não era coisa pequena
a liberdade tinha rumo traçado,


por homens de grande valor
que jamais iriam vacilar,
em nenhum momento o terror
os deixariam bambear.
Não haveria jamais a derrama
que não seria fogo nem chama
que os deixaria alquebrar.

Mas houve um delator
que mudou o rumo da história,
e, os heróis, denuncia ao governador
contando a ele e a sua escória.
Tiradentes à forca foi condenado
por Portugal foi responsabilizado
se tornando ao povo uma glória.

Dos heróis da terra brasileira,
com precisão cabe ao historiador
contar sua vida verdadeira
sem acrescentar, tirar ou se opor.
Analisando relatos de memorialistas
Documentos, fatos ou pistas
deixada por poeta, sábio ou doutor.


Nesse cordel foi só minha intenção
despertar a sua curiosidade
tentando chamar a sua atenção
para um herói de verdade
que um dia aqui lançou
a semente que transformou
e melhorou, a nossa sociedade.

Outras dicas que posso dar
é que leia R.Torres, o historiador,
G.Peres, vai sempre acrescentar
como W. Pereira, o professor,
Padre João André Antonil
e muita gente que pelo Brasil,
faz história com saber e amor.








Comentário do professor Enéas Martins ao roteiro descrito por André João Antonil em sua obra “Cultura e Opulência do Brasil”, publicada em Lisboa, no ano de 1711, fornecendo maiores detalhes sobre o “Caminho Novo” em sua primeira parte. É dele as conclusões que seguem:
“ De Irajá até a Pavuna o caminho continuava acompanhando a atual Av. Automóvel Clube que nesta região, corre paralela às linhas da Estrada de Ferro Rio do Ouro”.
O engenho do Alcaide-mor Tomé Correa deve corresponder à região onde hoje se encontra a Estação Ferroviária de Belford Roxo .
Quanto ao Porto do Nóbrega não tenho dúvidas em identificá-lo com a ponte sobre o rio Iguaçu, situada no km² 38,5 do sub-ramal de Mantiqueira.
A última jornada, antes da subida da serra, é a que cobre o percurso entre o porto do Nóbrega e o sítio do Miguel Couto, ponto este que identifico como a “Parada de Mantiquira”, situada entre as terras da Fábrica Nacional de Motores ”.
A estrada continuava serra acima até chegar ao Pico do Couto que naquela época já se sabia, medir 1.364 metros de altitude. Passavam por uma garganta até chegar um sítio que deve ser a fazendo do Quitandinha, dali seguia até a região das Minas Gerais.



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