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Cordel-->O Grande Chefe Tupinambá, Cunhanbebe. -- 15/01/2008 - 07:43 (pedro marcilio da silva leite) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O Brasileiro, Cunhambebe


Para falar da raça brasileira
nas tramas que a linha tece,
a língua que corre rasteira
sussurra o nome de Cunhanbebe.
Como o falar quase gaguejante
é o bom falar desse gigante
que somente o enaltece.

Tupi-guarani, da nação Tupinambá
que habitava o litoral brasileiro
do Amazonas ao Prata e que era lugar
dos mais valentes índios guerreiros.
Com inimigo não dava guarida
este Cunhambebe, da morte e da vida,
senhor nas terras do Rio de Janeiro.

Até que os portugueses chegaram
vomitando fogo, propósito e maldição
contra os nativos que amaldiçoaram
querendo terras, fazer a escravidão.
Cunhambebe ficou tão enfurecido
que de um guerreiro tão aguerrido
não haveria trégua e nem perdão.

Flechas, arcos e tacapes contra canhões
e até galeões que vinham de Portugal.
Com canoas e milhares de valentões
no comando, Cunhambebe era o tal.
Atacava de madrugada, de surpresa
e ao destruir as frotas portuguesas
se tornava um guerreiro imortal.

Com os franceses, um amigo se tornou
pois queriam naquele tempo, negociar.
Bom diplomata, o cacique se amoitou
e o cobiçado pau-brasil passou a trocar
com, espelhos, anzóis, machadinhas
e até morenas, cunhãs bem peladinhas
que francês nunca gostou de guerrear.

Até vinham de uma Europa devastada
por guerras religiosas, a fome e a peste
depois de feudalismo, ensangüentada
pela inquisição que sua alma despe.
No tempo do capitalismo comercial
dos negócios onde todo lucro é legal
a cortina da idade das trevas, descerra.

Príncipes e padres já não tinham tanto
pois a terra dava menos em impostos
que o comércio e o sacrossanto
e voraz apetite para os negócios.
O cisma da igreja, Lutero e Calvino
mergulhando todos no abismo
o ateu, o religioso e o agnóstico

Problemas religiosos não faltaram
na Europa por todo século dezesseis
com Tordesilhas, o mundo fatiaram,
estava chegando a nossa vez.
Portugal e Espanha vieram a possuir
a terras e os que habitavam aqui.
Depois , veio o holandês, o francês...

Com isso, Cunhambebe não concordou
e aí, começa esquentar nossa história.
Por frade Thevet sua fama agigantou
de canibal com virtude e glória;
um chefe com sutilezas gustativas
com carne de português, apreciativa
quando abatida e comida na hora.

Hans Staden, segundo a lenda o elogiou
esse Português-Francês-Alemão sabido
de “Chefe Supremo” mais o afagou
porque preso corria muito perigo.
Esse personagem, também fascinante
importante tema para mais adiante
de outro cordel que ainda será escrito.

A luta com os portugueses era desigual
embora a bravura fosse a mesma
seria como uma folha de papel-jornal
lutando contra muitas resmas
os perós tinham pólvoras e canhões
e ainda tinha ajuda dos trovões
os índios, a força, a fé e a teima.

Pois, teimavam em viver em liberdade
que desse bem só trocavam pela morte.
Tinham a fé em suas ancestralidades
e a força retirada das carnes de corte.
Índios? só souberam bem o que eram,
quando andando na mata os detiveram
confundidos com povo do mesmo porte.

Brás Cubas, terrível escravagista
depois de Uruçumirim destroçar
sobreviventes levou às terras santistas
para vender e na plantação trabalhar.
Entres eles um que não podia ser,
Cairuçu, que era pai de Aimberê
foi o motivo da revolta estourar.

Cairuçu era um chefe Tupinambá
e Aimberê não deixaria barato.
Morto o pai, de muito trabalhar
e da rebelião na mata organizado,
reuniu os chefes em mutirão
para estabelecer uma Confederação
deixando os portugueses apavorados.

A Confederação dos Tamoios criada
precisava de um líder inatacável
mesmo que Aimberê fosse peça rara
Cunhambebe era o mais notável
chefe supremo das tribos, comandou
nos combates terríveis que travou
em grandes feitos memoráveis.

Resistindo a invasão dos portugueses
por pouco mais de doze anos seguidos
a organização dos índios teve reveses
mas nunca deu trégua aos inimigos
apesar da tecnologia dos canhões
que provocava morte e destruições
foram os índios muito mais aguerridos.

Franceses, madeiras queriam negociar
ou terras para antárticas moradias.
Portugueses só queriam escravizar
e terras para explorarem em sesmaria.
Para os Tamoios, nem certo, nem torto:
português bom era português morto
fosse de madrugada ou durante o dia.

Os índios doentes um dia amanheceram
ou foi de português carne estragada
que nas batalhas diárias eles comeram
ou doenças que os brancos disseminaram.
Guerreiros que batalhas nunca perderam,
como Cunhambebe, centenas morreram
mulheres, crianças, velhos, se finaram.
 

Morreu tristemente, o maior guerreiro
que não perdia batalha com o invasor
que sedento chegava em solo brasileiro
para escravizar; com fama de explorador
de homens; usurpador de todas riquezas;
hábil em profanar a frágil natureza.
Este sim, um canibal exterminador.

Por um tempo, a floresta emudeceu
enlutada pela morte do grande guerreiro
que em Angra dos Reis, um dia nasceu
para ser o chefe maior do Rio de Janeiro.
No alvorecer deste “país descoberto”
no início dos anos de 1500, isto é certo
foi Cunhambebe, nosso herói primeiro.

Mas a guerra ainda não havia acabado
e os invasores continuavam a chegar
Aimberê o guerreiro mais preparado
sem titubear, logo assumiu o lugar.
A resistência estaria na Confederação
pois os Tamoios com garra e determinação
até o último guerreiro iram lutar.

............................................





Diálogo entre um índio e um francês, extraído do livro
Meu Querido Canibal, de Antônio Torres:

O índio: - Porque vocês e os portugueses vieram de tão longe para buscar madeiras? a terra de vocês não tem tanta para queimar?
O francês: - Dá e em grande abundância. Mas não desse gênero de árvore que vocês têm, principalmente os brasis, que não servem para queimar, como vocês pensam, mas para tingir, como vocês fazem com os fios escarlate e penas, e outras coisas.
O índio: - E vocês precisam de tão grande quantidade de madeira?
O francês: - Sim. Há na nossa terra um mercador que possui muitas penas escarlates, facas, tesouras e espelhos, mas do que nós temos trazido. Só ele compra todo o Brasil ainda que dele fossem carregados muitos navios.
O índio: - Você está me contando coisas admiráveis, muito mais do que tenho ouvido. Agora, me diga: esse homem tão rico não morre?
O francês: - Morre, assim como os outros homens.
O índio: - E morrendo, para quem fica os seus bens?
O francês: - Para os filhos, se os tem. Se não para os irmãos ou parentes mais próximos.
O índio: - Eu os advirto, franceses, que vocês são muitos loucos. De que lhes serve fadigarem-se tanto, atravessando mares, e para vencê-los, passarem por tanto males, como vocês mesmo tem contado, a buscar riquezas para deixar para os filhos que haverão de sobreviver a vocês? A terra que lhes sustenta não bastará também para sustentar a eles? nós também temos filhos e parentes, como vocês tem, e os amamos muito. Porém, confiamos certamente que depois da nossa morte, a terra que nos sustentou também os há de sustentar da mesma forma. E nisso descansamos.
 

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