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Contos-->Contos VerídicosA vida e a morte são tão estúpidas -- 21/06/2004 - 09:17 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DE UM DIA PARA O OUTRO...


José Ramos levava todas as manhãs, por volta das dez horas, o pão do dia a seus pais, um casal de cidadãos septuagenários ainda muito activo que vivia num âmplo e confortável casarão. Naquela manhã, saudando como habitualmente seus progenitores, deixou-lhes a saca com o pão em cima da mesa da cozinha e saiu para cumprir seus habituais afazeres.

Manuel Ramos, cujos 75 anos de idade ainda não lhe emperravam os movimentos, dedicava-se nos últimos dias com empenhado afã à desmontagem de seu Peugeot 309, que ficou inutilizado na sequência de um desastre que ele e a esposa tinham sofrido sem danos físicos há duas semanas na Estrada da Circunvalação. Pretendia aproveitar algumas peças em vista de lograr melhor rendimento a negociar com a sucata.

Após o pequeno almoço, Manuel dirigiu-se para a sua garagem e colocou-se na fossa de reparações ali existente com a intenção de retirar a gasolina do depósito da viatura. Na altura em que o acidente ocorrera ele tinha acabado de atestar com combustível o seu velho mas bem estimado automóvel.

Dona Deolinda, dentro de sua rotineira azáfama apesar dos seus 77 anos, ficara a preparar o almoço para ambos, enquanto o marido se entregava à projectada tarefa, uma das muitas formas que o senhor Manuel sempre improvisava para matar seu tempo com utilidade e também distrair-se a fazer qualquer coisa.

Os filhos, já todos arrumados e a fazerem sua vida à parte, afirmavam à vizinhança em tom simpático que os pais não paravam quietos.

A senhora, pronta enfim a refeição para a hora aprazada desde sempre, estranhou que seu marido não se apresentasse para almoçar, pelo que foi ver à garagem o que se estaria a passar. Ao entrar no recinto, sentindo de imediato um forte cheiro a gasolina, deparou com o marido inconsciente e prostado no fundo da fossa. Como pôde e não pôde, aflitíssima ante a evidência e não vislumbrando o perigo mortal que ali rondava, desceu prontamente à fossa, até junto de Manuel Ramos, para prestar-lhe socorro. Também, entre o esforço e afectada pelo ambiência tóxica que respirava, Dona Deolinda desfaleceu e ali ficou estirada sobre o corpo de seu homem...

No dia seguinte, José Ramos voltava de novo e à mesma hora para fornecer de pão os seus progenitores. A porta da cozinha estava escancarada e na mesa da sala de jantar, onde entrou de seguida, uma refeição estava posta para ser consumida. José procurou seus pais nas restantes dependências sem encontrar alguém. Por último, encaminhou-se para a garagem e ali os encontrou, ambos abraçados e em esgar de pânico, com os corpos envoltos em combustível... Mortos!

A vida e a morte são tão estúpidas.

Torre da Guia = Portus Calle


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