Usina de Letras
Usina de Letras
146 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62072 )

Cartas ( 21333)

Contos (13257)

Cordel (10446)

Cronicas (22535)

Discursos (3237)

Ensaios - (10301)

Erótico (13562)

Frases (50478)

Humor (20016)

Infantil (5407)

Infanto Juvenil (4744)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140761)

Redação (3296)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6163)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->3 corações -- 16/04/2005 - 15:59 (Ari de souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Debaixo das cobertas,

eu me repolho.

Curvado,

germino como semente sobre o colchão.



O que pareço?

Um cão dormindo ao relento?

Uma boneca asfixiada dentro de uma caixa?



Pequenas frases incompletas,

gemidos e pruridos

se misturam no hemisfério da vizinhança.

É barulho de cortiço,

torneira gotejando,

talheres entediados em espuma,

pentes rastelando cabelos,

cadeiras sussurrando o passado,

enquanto corpos cadavéricos vêm exaurir o último

Chamuscar de sol.



Eu,

confortavelmente fofo e encolhido,

sei que rasante,

um filete de vento tenta me espetar,

pousar sobre minha pele, e assim,

acordar meus solitários pêlos do corpo.



O zunido doméstico invariavelmente perdura.

Pouco acima,

um grito de criança denuncia uma banheira fria.

O vento gélido,

que fecunda-se quarto a dentro

e desce como um inseto pelas paredes,

é um vento outonal.



Tudo me lembra: Moinhos de vento,

a roncar distante de uma cabana.

Parece natal, mas natal não é.

Há restos de luz tosquiadas na parede.





A cena é familiar,

pois é um retrato de infância.

Como se sexta-feira fosse,

e na praça estivéssemos a esperar uma diversão.

Um trenzinho da Alegria,

um algodão doce,

um sorriso de relance da Cuca.

O Fofão com cara de pão,

pão de frutas crisálidas.



Mas ainda estamos no outono,

e o destino das folhas

é pregar-se ao chão,

fingir-se de mortas.



Mas espere,

passos em alguma parte anunciam o caminhar obstinado de um homem.

E quase amorfo, quente,

um grito de socorro balança-me,

pinica meus sentidos

e me faz ouvir o chamado:



TRIN TRIN, TRIN TRIN...



Maldição!

Levanto-me para um duelo verbal,

crente que encontrarei adversários.

Mas eis que era engano.

Bato dente contra dente,

e lanço um feitiço:

- ficarás mudo para sempre, maldito seja!



Agora,

resta-me preparar um café

e manter-me acordado,

até que os últimos minutos de existência

contemplem na sofreguidão,

um vôo que me leve pra longe.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui