Fazia frio na janela,
perto do sofá onde eu me aquecia.
Era Alice, Cici e os Smurfs,
que vadiavam pela Tv,
querendo me entreter.
Que fazer?
O telefone me lembrava casa vazia,
amigos que foram para o clube,
e o sol frio das nuvens abundantes.
Havia a fresta que expelia,
o vento que quebrava,
na popa dos meus pés.
Havia tantas coisas,
havia o convés do meu quarto
e toda a ilucidez,
de caminhar descalço no deserto da madrugada.
No Rádio,
o desespero de se narrar um Gol que nunca saía,
era como a saia justa de Nicinha,
que nunca subia.
Nas marquises,
de edifícios velhos e distantes,
pombas tagarelavam como as beatas
de um santo lugar chamado cidadezinha.
De repente, em surdina,
Ana Carolina me acordou, e disse:
- Vem dormir na caminha, vem amor.
|