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Cronicas-->Depois do sinal deixe sua mensagem -- 30/07/2003 - 17:38 (Paulo Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


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Aló! Ana! Se você estiver me ouvindo, por favor, atenda. Você sabe que eu odeio deixar recado em secretária eletrónica. Ana! Aló! Tudo bem se é assim que você quer. Assim será. Resumidamente eu queria lhe dizer que não dá mais. Nosso relacionamento definitivamente tem que acabar. Entenda. Eu ainda gosto de você. Quer dizer. Acho que ainda gosto. Mas só o fato de estar dizendo "ainda" pressupõe isso deverá acabar um dia Ou melhor, acabou. Não está me fazendo bem estar com você. Não é mais como era. Eu sei que depois de tantos anos não poderia ser como antes. Aquele encantamento inicial desaparece de qualquer relacionamento depois de dividir o banheiro. Não estou dizendo que o motivo do fim do nosso namoro seja o fato nós termos usado o mesmo banheiro durante alguns anos. Se bem que eu sempre reparei que você evitava ir ao banheiro depois de mim. Mas tudo bem. Não vem o caso. Eu só queria lhe dizer que acabou, e não foi apenas pela briga da última quinta. Aquilo foi apenas a gota d´água. Mas eu continuo achando que você errou em pedir pizza com muito manjericão. Pó! Você sabe que eu odeio manjericão. Aquilo foi provocação. Com você é sempre assim Aninha, você tem sempre que ser superior, que sempre estar por cima. Até na cama! Mas tudo bem. Não é só isso Ana. Esses dias longe de você me fizeram refletir. Ana isso não é amor é vício. Depois de tantos anos com a mesma rotina você se vicia até em mal-hálito. É tudo uma questão de repetição. Depois, fica no automático. Aí, descobrir a definição exata. Nosso amor é automático. Acabou a espontaneidade. Olhe. Eu não estou dizendo que você tem mal-hálito. Isso foi apenas um exemplo. Infeliz é verdade, mas apenas um exemplo. Aninha, eu sei que é difícil esquecer tudo que a gente viveu junto. Porra! Eu era da 6ª série, tu ainda brincava de Barbie. É tempo pra cacete, mas não dá pra viver só de passado Aninha. Casar do jeito que tá, é impossível. A gente se ver três dias na semana e quase sai homicídio. Eu sei que mudando de mulher, muda-se só de defeitos. E pensando bem, eu já conheço todos os seus defeitos. Ia ser um trabalho dos infernos conhecer os defeitos de outra. Mas, Aninha, todo mundo precisa variar. Tem que variar até os defeitos. Eu não aguento mas os seus defeitos e aposto que você não aguenta mas os meus. Aí, você num falava sempre que eu era impaciente! Tava certa, agora eu perdi a paciência. Entenda. Eu não quero dizer que eu tenha outra mulher. Não isso não. Eu sempre tentei ser fiel. Disso você não pode reclamar. Eu falei tentei? Você sabe que eu nunca fui bom em usar as palavras. Tá! Outro defeito que você não precisa mais aturar. Tá vendo quantas vantagens. Aninha, eu não queria que isso terminasse assim. Pó, mas alguém tem que ter coragem de dizer a verdade. A gente não se gosta, se atura, e eu não consigo encontrar um motivo concreto pra continuar vivendo esta mentira. Quando eu fico longe eu me sinto mais leve, mais jovem, sei lá! Porra! Pode ser clichê, mas eu vou dizer. Você me sufoca. Já tó até vendo você falando "tudo isso por causa de uma pizza". Porra, mas não é só a pizza Aninha, é tudo. Sei lá viu! Isso só pode ser doença. Eu disse isso e fiquei imaginando. Sabe que eu acho que vou sentir falta de você me esculhambando. Me chamando de irresponsável, de preguiçoso. Você tem um talento natural pra esculhambar o namorado. Faz isso com um carinho. Sim mas... Não vem ao caso. A verdade Aninha é que você me reprimiu muito viu. Se não fosse por você eu talvez não estaria na merda em que estou. É verdade que a culpa não é só sua, mas você contribuiu bastante com seu autoritarismo. É impressionante viu, como eu fui cego. Você vem toda dengosa me dando ordens e eu, otário, aceitando. Também toda sensual, cheia de malícia, você realmente sabia me manipular. Homem! Oh raça burra. Alguém já falou que Deus deu ao homem um cérebro e um pênis, mas sangue suficiente pra usar apenas um deles de cada vez. Isso é a mas pura verdade. Eu sei que com você não foi só sexo. Pó! Mas era bom, não era? Eu acho que vou ter saudade de algumas coisas. Não só do sexo. Eu falei algumas coisas! É. Foda. O pior é que vai ser difícil superar esse vício. Porra, também, tempo pra cacete. Pra onde eu vou no domingo a noite. E no cinema. Quem é que vai falar durante todo o filme, mesmo sabendo que eu odeio isso. Vício é foda......
-- aló. Pedro
-- Aninha!
-- Oi meu amor, que bom que você me ligou.
(Ela falou "Meu amor"! Aí é foda).
-- Aninha você tava aí o tempo todo e não me atendeu?
-- não mó. Acabei de chegar. Ouvi o barulho da secretária e corri pra atender. Tava esperando você me ligar deste de quinta. Você tava falando alguma coisa importante? Algum problema Pedrinho?
("Mó" é golpe baixo).
-- não Aninha. Só tó com saudade.
(Eu tava indo bem).




PAULO J. TEIXEIRA
21/01/02
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