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cronicas-->Sonhos de guerra -- 30/07/2003 - 18:02 (Paulo Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Entrincheirados, os dois últimos soldados sobreviventes de todo um exército, ouviam as bombas explodirem cada vez mais perto, e aguardavam a inevitável chegada da morte.
-- Não nos resta muito tempo.
-- eu sei.
-- o que vamos fazer? Só ficamos os dois.
Mais uma explosão. Bem próxima deles, deixando cinza a mais escura das noites.
-- Não sei..... Talvez a rendição.
-- Rendição! Capitular agora e perder o pouco de hombridade que nos resta! Nem assim teríamos a vida garantida.
-- Então diga-me? Morreremos como homens ou viveremos como covardes? A morte não nos trará nenhuma grandeza.
-- Atire e mostre-os que ainda existe vida deste lado do campo.
Tentou, inutilmente, limpar a lama do rosto. Levantou e atirou. Olhando para o nada. Atirou no escuro da noite. Rezando para as balas acertarem algum inimigo. Sentou-se novamente na trincheira suja ao lado do seu companheiro. Ciente da inutilidade do seu ato.
Novas bombas explodiram. Eficientes. Bem diferentes daqueles míseros tiros disparados pelo soldado. A terra úmida quase os cobriu por completo. Arrastaram-se alguns metros, distanciando-se do local em que haviam atirado no inimigo. Buscando, assim, ludibriar por alguns minutos a morte iminente.
-- Amigo....Talvez você esteja certo e a morte não nos traga nenhuma grandeza, mas creio que essa seja a única forma de morrermos como homens. Lutando.
-- temo que sim.
Fez-se, naquele campo de batalha, o silencio que antecede as grandes tragédias.
-- Eu queria fossemos agora caboclos de lança. O mais puro dos guerreiros. Nada nos atingiria e venceríamos essa batalha. Sozinhos.
Sentiu pena do companheiro que delirava diante da morte. Depois orgulhou-se do seu delírio. Eram pensamentos honráveis.
O silencio do campo foi rompido pelos passos do exercito inimigo, que se aproximava rapidamente diante da falta de resistência.
-- Chegou a hora. Deus tenha piedade de nossas almas. Disse o que delirava, tão rápido se erguia atirando.
Igualmente rápido caiu alvejado ao lado do companheiro, que ainda lhe olhou nos olhos os segundo que antecedem a morte.
Diante do companheiro morto, respirou fundo e se levantou da trincheira onde se escondia.
Era então um caboclo de lança em toda a sua extensão e plenitude de cores, iluminava o campo escuro sacudindo toda sua coragem diante dos inimigos. Nada se ouvia, a não ser os chocalhos e a lança que batia no chão.
Nenhuma bala ou bomba lhe atingiu o corpo.

Paulo J. T. Lima 09.04.03
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