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Cordel-->O Herói dos verdes mares - BARBOZA LEITE - Ed. P. Marcilio -- 28/01/2008 - 07:44 (pedro marcilio da silva leite) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

FRANCISCO NASCIMENTO
O herói dos verdes mares


Leitor, chego à sua porta
e lhe peço permissão
pois o assunto comporta
toda a sua atenção
venho de Deus-além
nas asas que o sonho tem
fiz a minha locomoção.

De barco, navio e trem
bonde, carro e avião
com dinheiro ou sem vintém
calçado ou de pé no chão
já vi montanhas e mares
conheci muitos lugares
da nossa grande nação.

Assisti a muitos fatos
de outros me informei
o meu verso não maltrato
digo somente o que sei
o justo seria a glória
pra o herói desta história
que há muito tempo estudei.


Conforme o que vou contar
para quem é nordestino
do velho “ Dragão do mar “
todos invejam o destino.
Foi um homem audacioso
por quem eu sou orgulhoso
desde quando era menino.

Ele ao mar não temia
como um bom jangadeiro
sua presença aonde ia
mostrava um bom brasileiro
sua fama se espalhava
por onde ele navegava
como intrépido marinheiro.

As ondas eram estradas
por onde ele caminhava
em cima de suas jangadas
quando escravos carregava
sempre pensando num jeito
de arrancar de seu peito
uma dor que o torturava.


Essa dor que o oprimia
era a de ser obrigado
a carregar noite e dia
para venda no mercado
levas de gado humano
como se fosse um tirano
ou um homem desalmado.


Ele fazia o transporte
mas dizia aos companheiros
eu ainda mudo a sorte
destes pobres estrangeiros
- dou um basta à crueldade
que lhes rouba a liberdade
mantendo-lhes em cativeiro.


Já nem dormir conseguia
diante da situação
ansioso pelo dia
em que negasse a redenção
e então pudesse gritar
diante do céu e do mar:
acabou-se a escravidão!


Nas noites de céu escuro
o tráfico se exercia
de uma gente sem futuro
que o escravagismo oprimia;
eram na África apanhado
príncipes e reis maltratados
sua nobreza se extinguia.


Na vasta costa africana
os veleiros ancoravam
sem respeito à raça humana
prendiam o que encontravam
com estranha ferocidade
tribos, nações, cidades
num instante dizimavam.


Faziam, então, a viagem
em porões sem luz, sem ar
onde siquer uma aragem
podia ali penetrar
velhos, mulheres, crianças
carregados de lembranças
a gemer e a chorar


E os feitores castigando
os mais moços — se paravam,
cada qual ao remo estando
se as forças lhe faltavam;
tratados como animais
nas mãos de seres brutais
que os seus corpos torturavam.

Assim nem bem a metade
de uma carga recolhida
à falta de liberdade
de asseio e de comida
os mares atravessava
a ao Brasil aportava
ainda com alguma vida.

Depois toda essa gente
vários destinos tomava
a costumes diferentes
nem sempre se aclimatava
da sua sociedade
sofria com a saudade
que em seu peito se instalava.

Tudo isso a Nascimento
o “dragão do mar “ falado
consistia em sofrimento
que o deixava torturado
comandando sua jangada
com a alma lacerada
Nascimento tinha tudo planejado.

A forma de impedir
que a situação perdurasse
precisava resistir
mesmo se a morte encontrasse
aos colegas conclamava
e o problema explicava
onde quer que se encontrasse.

As jangadas transferiam
os escravos de alto-mar
para os portos que existiam
na praia a lhes esperar
e cabia a Nascimento
fazer o reconhecimento
do porto onde ancorar.


- Francisco Nascimento
de alcunha “ dragão do mar ”
não tinha esmorecimento
não sabia recuar;
inimigos dos negreiros
combinou com os companheiros
para os embarque sustar;


Sangue de libertador
em cima de sua jangada
ele era o condutor
de uma carga liberada
mas negava-se a levar
pelas estradas do mar
tanta gente agrilhoada.


Foi então que aconteceu
de o “ dragão “ ser demitido
o seu cargo ele perdeu
como prático-mór era tido,
o que não adiantou nada;
na sua meta traçada
ele não se deu por vencido.

Um “ dragão “ não se intimida
com pouca ou muita fumaça
uma mente bem suprida
suporta qualquer desgraça
Nascimento era do mar
não era de assustar
nem de meter-se em trapaça.

Ele tinha postura
de um autêntico comandante,
a cana com ele era dura;
decidia num instante
problema que aparecesse
- quem com ele se metesse
topava com um gigante.

Líderes outros libertadores
com eles se associavam
para enfrentar os horrores
que aos negreiro agradavam;
não tinham parte com crimes
que a liberdade oprime
isto eles condenavam.

Os fatos aqui narrados
no Ceará ocorreram
os livros estão gravados
do que os escravos sofreram
foi dura a libertação
para muitos cidadãos
que por ela se bateram.

Ocultos num casarão
muitos encontros faziam
preparando a evasão
dos escravos que podiam
as finanças levantando
os negros alforriando
se o dinheiro conseguiam.

Era essa a situação
quando os negreiros acharam
um nova solução
e os seus planos mudaram
criando outros mercados
mandando para outros Estados
Os negros que escravizavam.


Dos negros a liberdade
ficou mais ameaçada
cresceu a dificuldade
tornou-se mais aguçada
a reação dos negreiros
mantendo o cativeiro
a gente desesperada.


Mais complicado o problema
tornou-se com a medida
que atrapalhava o sistema
que salvara muitas vidas
e apenas consistia
nas cartas de alforria
com dinheiro conseguidas.


Os escravos removidos
para Pernambuco ou Bahia
ficavam desassistido
do movimento que havia
pela ruas de Fortaleza
e o “dragão”, com certeza
contra isso se insurgia.

Com o apoio dos amigos
sua decisão foi assim
enfrentar qualquer perigo
mas ao abuso dar fim
mostrar que um bom brasileiro
não gosta de cativeiro
e nem de cabra ruim.

Foi decidido então
os embarques impedir
prender a embarcação
que pretendesse fugir;
as praias então ocuparam
e a todos avisaram
que não ousassem sair.

“ Nas praias do Ceará
não se embarcavam mais escravos”
- ouviu-se como um alvará
pela voz forte de um bravo;
a alegria foi tamanha
diante de tal façanha
na forma de um desagravo.

O “dragão do mar “, Nascimento
por todos ali conhecido
punha fim ao sofrimento
pelo feito conseguido
com todos os seus companheiros
derrotava os negreiros
libertava os oprimidos.

Mais fácil dali por diante
tornou-se a libertação
noutros portos mais distantes
foi grande a agitação
onde um escravo havia
dominava a alegria
chegada com a redenção.

O movimento alastrou-se
sertão adentro do Estado
e onde quer que fosse
negro era libertado
o ceará foi assim
onde a escravidão teve fim
conforme está registrado.

Os verde mares falados
tornaram-se livres estradas
sem conduzir desgraçados
famílias desesperadas;
agora o sol e o luar
voltavam a poder brilhar
para livres caminhadas.


A chamada Terra da Luz
ganhou este nome então
que até hoje traduz
da coragem a expressão
de homens de boa vontade
defendendo a liberdade
combatendo a escravidão.


“ O preço da liberdade
é a eterna vigilância “
- o disse uma autoridade
do Brasil , em certa instância;
lembrem-se de Eduardo Gomes,
cuja evocação do nome
dá ao verso substância.


Pelo exemplo que apresenta
a todos os seus irmão
pois a verdade se assenta
no progresso da nação,
e se os homens fazem a história,
a liberdade e a glória
obtida com a união.


De quem serve e é servido
aos direitos respeitados
sendo os deveres cumpridos
a ordem funcionando
havendo muita alegra
nas horas todas do dia
e a paz se conservando.


Num país como o Brasil
de vocação democrática
onde o céu é cor de anil
e toda nação é simpática
a todo anseio puro
que mostre para o futuro
suas virtudes, na prática.


Assim termino a história
de Francisco Nascimento
página eterna de glória
seja o seu merecimento
chamavam-no Dragão do mar
o que posso confirmar
Pois o que sei não invento.


Ao Barboza, se eu assino,
o Leite junto a seguir
aprendi desde menino
a não enganar nem mentir
aproveito a ocasião
prá mostrar que a servidão
jamais pode persistir.
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