Subia a rampa e a descia com toda velocidade na minha Monark. Os amigos aplaudiam e, no afã de continuar bem-sucedido, subia de novo para repetir a façanha.
Na oitava vez, quando levantei a mão esquerda para acenar para a menina dos meus sonhos, bati com a roda numa pedra e a bicicleta capotou. Muito sangue no chão e as pessoas em desespero, sem saber o que fazer. Cinco minutos depois, apareceu um policial, que me colocou no seu carro particular e levou-me para o pronto-socorro.
No dia seguinte, despertei com dez pontos na cabeça e com aquela menina linda olhando-me bem de perto, querendo saber se estava tudo bem comigo. Perguntei como estava a minha bicicleta. Ela sorriu e disse-me que aro estava torto, mas que não era nada que me fizesse perdê-la . Quando segurou forte na minha mão, tive a impressão de que o sangue havia voltado a escorrer pela testa, mas o hálito que chegava ao meu olfato deixava claro que era só um delírio por causa do amor.
Deixei a minha Monark exatamente do jeito que ficou e nunca mais andei de bicicleta. Estou no meu terceiro casamento, mas sempre que desejo lembrar-me do meu primeiro amor, vou até o quarto dos fundos para fitar as rodas empenadas da minha velha monareta.