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Cordel-->Antonho das Sete Vidas3-BARBOZA LEITE-Ed.Pedro Marcilio -- 29/01/2008 - 17:07 (pedro marcilio da silva leite) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Antonho das Sete Vidas-3


Mas que depressa, Antonho
começou a cavalgar;
daquele sonho medonho
precisava se afastar.

Montado no canarinho
perseguiu o rumo oposto
descobrindo outros caminhos
encontrando outros rostos.

Na direção do levante,
passando pelo agreste
sentindo a cada instante
os contrastes do Nordeste.

Os bueiros das usinas
contemplava com alegria,
a sua alma menina
enchendo-se de fantasias.

Sob um luar de agosto
achou-se na orla do mar;
estando em Olinda, ao sol posto
põe-se, então, a recordar.

Ele estava em sua casa no sertão,
apenas com dezesseis anos,
quando chega-lhe a ilusão
de mirabolantes planos...
talvez pelos seus poucos anos.
Antonho foi seduzido
por um sonho prometido
que era ele ir para o Norte
onde, só quem é muito forte
não volta de lá deprimido.

Então mesmo com a pouca idade,
no Senta, Antonho se alistou;
foi ao “batalhão da borracha”,
que Antonho se entregou
e, em seguida viajou
num fétido porão de navio
suportando calor e frio
e outras misérias mais,
mostrando do que era capaz
quem aceitava tal desafio.

Numa “estrada” de seringa
foi Antonho colocado,
acreditava em mandinga
mas não era acovardado.

No dia que começou,
pensava com seus botões
é desta vez que eu vou
ficar sem os meus colhões.

A “estrada” era tão fria,
como frio é um adeus;
mas, Antonho reagia
acreditando em Deus.

Rezava pela sua mãe
na estranha solidão,
quando uma índia txucarramãe
deu a ele o seu coração.

A penitência ficou mais leve
e, no Antonho se acendeu
a asa de uma garça breve
que no céu apareceu.

( Pensava, pensava o homem
ainda menino, mas forte,
que acreditava em lobisomem
mas sem ter medo da morte).

Aquela índia lhe trouxe
uma sensação diferente,
a solidão ficou mais mansa
com o odor da mulher presente.

Sentindo-se tão mergulhado
num mar de matas sem muro,
era obter seguros meios
de sair dali no futuro.

Enfrentava a dura vida
até enquanto podia,
nos troncos da seringueira
fazendo fundas sangrias.

A borracha recolhendo
e sua produção aumentando,
não importava os sacrifícios
que estivesse suportando.

Até dizia a si mesmo:
esta índia é minha mulher,
fugirei daqui com ela
logo que Deus quiser.

Mas, o dia nunca chegava
de Antonho se libertar;
ia ficando ali preso
só pensando em se safar

de uma situação penosa
na vida tão adversa
de tantos que como ele
acreditarem em conversa

e foram para Amazônia
na busca de um “eldorado”,
sendo bem diferente
o que ali foi encontrado.

Certo dia ele estava
na margem de um igarapé,
por pouco ia morrendo
na boca de um jacaré.

De outra feita regressava
pelo trilho da “estrada”
quando se defrontou
com uma medonha pintada.

De correr não tinha como,
já a bicha estava perto
e, socorro, a quem pedir
naquele estranho deserto?

Abriu os braços e gritou,
soltando o rifle da mão;
nada lhe fez a onça,
roçando o rabo no chão

e penetrando na mata
deixou Antonho ali.
Em seguida ele sentiu-se
todo banhado em xixi.

Que vida esta pensou,
se alguém me visse mijado
ai, meu Deus, o resto da vida
eu seria um desgraçado.

Determinou-se, então
o fugir do seu degredo,
antes que outros soubessem
que ele também tinha medo.

De viver naquele inferno
sem ter com quem conversar;
só as matas e as águas,
ele podia encontrar.

Meses e meses só tendo
seringueiras para cortar;
sem ver os lucros das “pelas”
que pudesse amealhar.

Enquanto isso a índia
tinha ficado grávida,
a esperança de Antomho ficava,
desse modo um tanto pálida.

Com ela daquele jeito,
a situação só piorava
e a criança, para nascer
demorava, demorava.

Veio a época da lua cheia
e a criança não nascia,
enquanto a pobre índia,
sentindo dores, gemia.

Sob dores lancinantes
nasceu-lhe, belo, um curumim,
mas ela desfaleceu:
Tinha chegado seu fim

Como o pagé encontrou
um defeito no menino,
no mesmo instante lhe deu,
da mãe, o mesmo destino.

Foi o maior motivo
que a Antonho, coragem
lhe deu para fugir
desta estranha paisagem.

Levou dias vadeando
pela mata desolada
atravessando igapós
de terra toda encharcada,

pois tinha que desviar-se
dos asseclas do patrão,
que os rios patrulhavam
em sua perseguição.

Atravessou o Pará
em busca do Maranhão,
chegou no Piauí,
tinha achado a salvação.

Foi quando encontrou as pedras
que , antes, já descrevemos.
Dali por diante, outros fatos
sobre Antonho, conhecemos.

Estava Antonho pensando
como rola a vida, rola
como um rolo compressor,
e, muitas vezes desola
um coração como o seu
quando sente o que perdeu
e nada mais o consola.

Aproximei-me do vulto que cismava
diante do mar bravio,
estava a noite enluarada
toda em brilho e desafio;
aumentando sua tristeza
cutucando sua fraqueza
corria um ventinho frio.

Conversa puxa conversa
foi assim que eu consegui,
alguma horas depois
tirar Antonho dali
e, para minha alegria,
ele topou uma cantoria
que agora, transcrevo aqui.


PELEJA DE ZÉ DA DOCA

COM ANTONHO DAS SETE VIDAS




Da peleja que descrevo
Pouca gente se recorda.
É por isso que eu devo
Dizer que meus versos aborda
Um assunto delicado,
Pois em casa de enforcado
Não é bom falar de corda.

O perdedor da peleja,
Zé da Doca, ainda vive.
Tenho que usar sutileza
Pra que nele não se avive
Amania de contestar
De que o vi fracassar,
Pois na peleja estive.

Antonho das Sete Vidas
Demonstrou ser bom de mão,
Não tinha vez escolhida
Sua rica inspiração;
Mas só cantava a pedido,
Pois vivia retraído,
Detestava exibição.

Ocorreu que Zé da Doca,
sendo muito vaidoso,
arrancou o homem da toca
ficando, assim, orgulhoso
e dizendo “com esse tal de Antonho
de qualquer jeito eu me ponho
e saio vitorioso”.

“Eu sei que ele gosta
de cantar pra muita gente;
mas comigo, se ele encosta,
vai perder no repente;
na presença do Barboza
eu vou curar sua prosa,
deixá-lo como um demente”.

Posta assim a questão,
o seu problema era ter
a desejada ocasião
pra com Antonho se bater
e depois sair dizendo,
já que ninguém estava vendo,
que fez o Antonho perder.

Ele achava que podia
subornar o Barboza,
pois antes oferecia
A sua mulher uma rosa,
querendo assim obter
para o caso de perder,
sua opinião generosa.


Estando determinado
o encontro requerido,
com um gravador ligado
e muito bem escondido,
Barboza mandou pra fora,
suas filhas e sua senhora,
e aguardou o sucedido.

Antonho das sete Vidas
já no local se achava
e com a mão descontraída,
sua viola afinava;
depois chegou Zé da Doca
dizendo a primeira potoca
porque, atrasado, se achava.

Feita a apresentação
cada qual tomou assento
e teve início a sessão
de que vou dar conhecimento.
pra brincadeira ter graça,
uma lambada de cachaça
teve, logo, provimento.

Dizendo-se meio acanhado
pois não era habitual
ser assim desafiado
por um excelente rival,
Antonho das Sete Vidas
disse: “seu Zé, eu só disputo partida
com um cantor a mim igual.

Para atender a um convite
Pelo qual sou agradecido,
Peço que você evite
De ser muito presumido;
Pois ao Barboza não escondo
Que fora de mim não respondo
A argumento atrevido.

Faço do verso uma arte,
Não canto por vaidade,
Dou assim a minha parte
Para mostra a qualidade
Que transformo em alegria
Através da poesia,
Servindo à sociedade”.

ZD Sendo assim tem início
O nosso encontro memorável,
Eu sou poeta de ofício,
Nas rimas sou formidável;
Minha vitória é provável,
Eu não canto pra perder:
Faço a terra estremecer,
Sou mais forte que mandinga,
O calor da minha língua
Faz o aço derreter.

ASV Calma, seu Zé da Doca,
Não precisa espernear,
O milho feito pipoca
Só serve pra mastigar;
Eu não sou de duvidar
O valor que o senhor prega
Mas, com isso, o senhor nega
Que eu posso lhe segurar
Nas rimas lhe atrapalhar,
Enquanto o senhor escorrega.

ZD - Até posso escorregar
Mas, em seguida, me aprumo;
Faz parte do versejar,
O poeta mudar de rumo;
Com o que não me acostumo
É com poeta preguiçoso
Que não seja imaginoso
E se conserve discreto
Como se fosse um inseto...
Cantar assim eu não ouso!

ASV -O mesmo modo que eu não ouso,
Mas canto com educação;
O meu verso não tem repouso,
Não me falta inspiração.
Onde eu ponho a minha mão
Nascem flores perfumosas,
Surgem canteiros de rosas,
Iluminam-se as cidades;
Brota a vida e a prosperidade
Do meu verso em ação.

ZD -Do meu verso em ação,
Quando pego na viola,
Ninguém me estende a mão
Pra receber uma esmola;
Comigo o papo não cola
Quem quiser, vá trabalhar
Pra poder se agüentar;
Nessa minha profissão
Só uso a inspiração
Quando tenho o que ganhar.


ASV - Quando tenho o que ganhar
É coisa que não me importa,
Eu só quero semear
O que alivia e conforta;
Quando entro numa porta
Sou sempre bem sucedido,
Nunca saio arrependido;
Entro e saio onde desejo,
Jamais sofri o ensejo
De ser por alguém ofendido.

ZD - De ser por alguém ofendido
Comigo nunca se deu;
Só uma vez fui mordido
Por um cão que morreu
De um veneno que bebeu.
Comigo eu resolvo assim,
Acho um meio de dar fim
A quem se torna inimigo,
Aplico logo um castigo,
Não me nego a ser ruim.

ASD - Não me nego a ser ruim,
Pois ninguém é perfeito;
Mas só procuro pra mim
O que é meu de direito
E não admito a um sujeito
Que faça na minha frente
Qualquer ação indecente;
Deixo de ser um cordeiro,
Me transformo num guerreiro
E deixo-lhe de lombo quente.


ZD - Deixá-lo de lombo quente
É o que vou fazer agora;
Já estou ficando crente;
A coisa agora piora,
Desembuche o seu verso
Para um destino adverso;
O meu bote vou armar,
Veja se pode acertar
A resposta do que eu peço.

Qual é a peça de mulher
Que o homem jamais vê,
Ela a usa porque quer
E também por não querer;
Quando ela usa a tal peça,
Não há ninguém que impeça
Do seu pranto escorrer.

ASV -É muito maliciosa
A pergunta que faz pra mim...
Da vida deliciosa,
Se o marido chega ao fim,
Chovem lágrimas como chuva
E, a peça veste a viúva,
Que o marido não viu assim.

ZD - Gostei da sua resposta
Muito justa e precisa,
Mas lhe faço outra proposta,
Que ao seu calo não alisa.
Desta vez você encosta
Como besouro rola-bosta,
Que no esterco desliza.


Zd - O que é que estando em casa
Deixa de fora a cabeça?
Se o seu verso se atrasa,
Minha glória estabeleça,
Desta vez pego-lhe o rabo,
Com a sua fama acabo
Nem que a voz me desfaleça.

ASV -Já fica desfalecido
Quem provoca discussão,
Mas atendo ao seu pedido
Porque tenho educação;
Que dentro da casa mora
Com a cabeça de fora,
É simplesmente um botão.

E, como, por seu abuso
Minha viola se assanha,
Mesmo não sendo meu uso
Desta vez você apanha;
Segure-se senão você cai...
O que onde uma vai,
A outra logo acompanha?

ZD - Se uma vai a outra acompanha,
Podem ser duas irmãs;
Desta vez você não ganha,
Carneiro não perde a lã;
Pode vir com outra questão,
Exerça a imaginação
De hoje até a manhã.

ASV – Meu caro a sua esperança
Começa a se aproximar;
tome um gole de cachaça
Para não desmaiar;
São irmãs na realidade
Mas, pernas, na agilidade
Se se põem a caminhar.

ASV -E como peguei a liça
Vou fazer outra experiência.
Não sou homem de preguiça,
Só cultivo a inteligência.
O que é que não é gente,
Mas tem cabeça e tem dente?
mostre a sua sapiência.

ZD - Desta eu me recordo
E na resposta não falho,
O meu talento transbordo
E o seu jogo estraçalho:
Se tem cabeça e tem dente,
Mas, mesmo assim não é gente
Este tempero excelente é o alho.

Como sou malicioso
E lavro assim minha roça,
Não sou muito atencioso
Se comigo alguém engrossa.
A seguir quero a resposta
De uma advinha bem posta...
Se você erra, cai na fossa.

O que é que entra e sai
Num contínuo vai e vem,
Mas sua mulher nunca sai
E mostra tudo o que tem,
Sendo o seu corpo molhado
Pelo marido apressado
E sem para o seu vai e vem?

ASV - Quando a noite se aproxima
E, a tarde, lenta desmaia,
Não há solução neste clima
Que do meu verso não saia:
Quem fica no vai e vem,
Está claro é o mar e a praia.

ZD -Reconheço a maestria
Do meu nobre contendor.
Tem graça na poesia,
Onde demonstra valor;
Tem nobreza no falar,
É forte no versejar,
Mas não é um ganhador.

Por isso, agora proponho
Pra mudar a cantoria,
Pois sou um cabra medonho,
Não livro de fantasia
Eu sou concreto na lida.
Procure, mestre o seu porto,
Antonho das Sete Vidas,
Pra não sair daqui morto.

ASV -Se um de nós vai morrer,
Não é o desafiado;
Isto pode acontecer
Com você que é abusado
E desconhece o estado
Da sua putrefação,
Não sabe onde mete a mão,
Arranha a viola, não toca;
Chama-se José da Doca,
Um cabra sem educação.

ZD -Agora o meu ritmo acende,
Desta forma eu vou lutar.
Se você não compreende,
Eu preciso lhe ensinar
Que estou aqui para ganhar.
Montado no meu ginete,
Brigo de faca e cacete
Antonho das Sete Vidas,
Sua língua é pervertida,
Eu quero que me respeite

ASV -O homem colhe o que planta,
O rio corre é pro mar;
Quem disse que você canta,
Não sabe o que é versejar,
Precisa o ouvido operar;
Eu uso o verbo, a palavra
Com versos da minha lavra,
Se saio da minha toca...
Pra brigar com Zé da Doca,
A minha língua não trava.

ZD -Não preciso lhe avisar,
Pois você já percebeu
que alguém pra me ganhar,
Nesta terra não nasceu;
Eu já venci um ateu,
Homem sem religião,
Sem bofe, sem coração...
Sua causa está perdida;
Antonho das Sete Vidas,
Desista e me peça perdão.

ASV - De perdão se você gostar,
A mim é que deve pedir;
Não teime em me contestar
Que eu só posso lhe instruir;
Desista de insistir,
Pois é feia sua ação,
Recusando a minha mão
Que a qualquer fraco reboca,
Quanto mais a Zé da Doca,
Que merece compaixão.

ZD -Cabeça de mamão macho,
Fruta que não se come,
Bananeira, se dá cacho,
Com a banana eu mato a fome;
Mas, você nem com tempero
Alguém pode aproveitar,
Quanto mais o desespero,
Com medo de apanhar.

ASV -Fruto do ódio, da lama,
Dois elementos nocivo,
Daí sua forma emana
E torna você cativo
Da ignorância total
Que despeja neste mundo,
Nunca vi um ente igual
E do coração tão imundo.

ZD -Eu tenho no corpo a ira,
Na minha boca, veneno;
Se olho você de mira,
Você fica mais pequeno;
Transformo você em sapo,
Dou-lhe nas tripas um nó;
Embrulho você num trapo,
Toco fogo e o faço em pó.

ASV -Se não estou equivocado,
Deixo de ser complacente;
Só pode ter sido gerado
De um bicho repelente,
Quem expele o seu veneno
Sobre um indefeso cristão.
Mostrando o quanto é pequeno
E perverso, o seu coração.

ZD -Eu não tenho piedade,
Nem gosto de compaixão;
Você fica na saudade,
Seguindo na contra-mão.
Concorde que eu estou certo,
Faça comigo um acordo:
Então, a sua mão eu aperto,
Pois ao contrário, eu mordo.

ASV -Pelos caminhos que eu sigo
Nunca você vai passar;
Você se mostra inimigo
De quem quer lhe ajudar.
Precisa de afirmação,
Como qualquer garoto.
Depressa amarre o seu cão,
Porque o meu está solto.

ZD -Dispenso a opinião
que faz de mim.
Eu tenho um mau coração,
mas não quero ver o seu fim
No asfalto da cidade,
Pisado, feito um capacho;
Eu encarno a maldade,
Mas demonstro que sou macho.

ASV -Acontece que um homem,
Pra demonstrar sua fibra
Basta que nele se some
A razão que equilibra
As forças do seu instinto
No convívio social,
Para torna-se distinto
E não agir como um animal.


ZD - De mim não faça mangoça,
Com piadas indiretas,
Não me atinge a sua troça
Que de moral vem completa.
Só precisa o homem forte
Que disponha de coragem,
De dinheiro, amor e sorte,
Para merecer homenagem.

ASV - Vejo que é renitente,
Feito burro quando empaca;
Já vi que é insolente,
Vejo agora que é babaca,
Termo ao qual não me excuso
De aplicar a uma pessoa
Que da mente não faz uso
E fica falando á toa.

ZD - Quero mostrar o contrário
Desta sua afirmação.
O meu saber é tão vário
Que ilumina a escuridão,
Mas quando eu sou provocado,
Com um sopro esbarro um trem;
Como quem limpa um roçado,
Por perto não fica ninguém;
A água desaparece,
Secam os lagos mais profundos,
Quem escapa reconhece
Que sou o Senhor do Mundo.

- A sua lingua é comprida
Seu pensamento é insano;
Se segue nesta batida
No seu intento profano,
Vai ser difícil encontrar
Condição para viver,
Sua vida organizar
Sem ter muito o que sofrer.
E, eu lamento a decisão
Que o pensamento me traz,
Pois cheguei a conclusão
Que defronto o Satanás.
Por isso com piedade
Recorro ao que se faz jús
Contra a sua crueldade,
Cato-lhe no peito essa cruz.
.................................................

Antonho das sete Vidas
mostrou uma cruz, de repente.
Zé da Doca, sem guarida,
pôs-se de pé bruscamente,
como faz uma serpente
o bote querendo alçar;
começou a soluçar,
dos dedos os anéis caíram
e...então, os dois desistiram
da peleja continuar.

Até hoje Zé da doca,
se na peleja eu falo,
se agarra e me provoca
E eu, depressa me calo,
quando o ritmo do embalo
pra não aumentar sua vergonha
e impedir que ele se ponha
mas uma vez a chorar,
os seus anéis a procurar
com uma raiva medonha

Basta ao leitor que atenda
a arte que aqui se expõe;
raciocine e compreenda
bem, o que a estória compõe,
observando que o verso
zela pela virtude,
anula o que é adverso

Leva prazer e saúde,
expande a luz da verdade
irradiando a razão;
tudo com sinceridade
escreveu a minha mão.
....................................



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