Em busca de construir
aquela que é
não a encontro
nas ruas da grande cidade
ou nas caixas de maquiagem.
Esta existe mas não é a que é.
Antes, encontro-a
nas falas baixíssimas
de velhas benzedeiras
e sua sabedoria cheia de rugas.
Nas suas saias longas
e em seus negros xales de croché.
Ela existe nas ruas
hoje etéreas de criança,
na minha mãe, à beira do fogão a lenha
dizendo: "Agora não, menina, que está quente"...
Aquela que é não está à mostra.
Está guardada na imaginária caixa
que o tempo não envelhece,
amarrada com o laço vermelho
do sangue de nossa história.
|