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Cronicas-->Somatório de coisas absurdas -- 02/08/2003 - 10:17 (Paulo Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



Parou no posto de gasolina e comprou cinco cervejas. Tinha sido um dia horrível, sua grande ambição naquele momento era tomar aquelas cervejas e esquecer de tudo.
Chegou no seu apartamento vazio. Colocou um cd para tocar, sentou-se na mesa da sala. Apesar da convidativa poltrona ele preferiu a dura cadeira da mesa de jantar. Não queria conforto. Abriu a primeira cerveja e acedeu o décimo quinto cigarro do dia. Olhou atentamente e seu apartamento vazio e escuro. Deu um gole na sua cerveja e foi pegar maconha.
Enrolou um baseado. Abriu a segunda cerveja. Trocou o cd. Fumou aquele cigarro de maconha e deu o ultimo gole na sua segunda cerveja.
Enrolou outro baseado. Abriu a terceira cerveja. Desligou o som. Ligou a televisão. Brigou durante três minutos com o controle remoto. Desligou a televisão. Ligou o som. Voltou a sentar-se na mesa de jantar. Fumou mais um baseado. Era uma maconha de primeira qualidade.
Levantou, procurou algo entre os velhos livros que guardava no armário do seu quarto. Encontrou. Era uma pequena pastilha de LSD que guardara para uma ocasião especial. Colocou-a no centro da mesa de jantar e ficou contemplando-a. Talvez aquela fosse uma ocasião especial. Fazia muito tempo que não se sentia tão mal. Só poderia ser uma ocasião especial.
Abriu a quarta cerveja. A maconha já fizera efeito. Tinha os pensamentos mais amenos. Tomou o acido. Aguardou.
Distorção visual. As estrelas entraram pela varanda.
Passou a mão no rosto para verificar a sua solidez. Levantou-se. Foi ate o quarto pegou uma folha de papel e uma bic preta. Resolveu exorcizar os seus demónios escrevendo.
Sentou-se na mesa de jantar e começou a escrever:
" Hoje eu tive uma das noites mais loucas da minha vida. Consumi tudo.
Dentro da minha casa. Uma musica. Dentro da musica. Em outro lugar.
Cheguei a conclusões incríveis, vi tudo com clareza.
Eu só não lembro das respostas."
Levantou a cabeça, ate então debruçada sobre o papel. Viu um homem alto que caminhava pela varanda. Não conhecia aquele homem. O homem falava alguma coisa que ele não entendia. Voltou a escrever:
" Se eu conseguir me lembra disso tudo amanha."
Olhou de lado. Agora era uma velha que estava sentada ao seu lado na mesa. Ela sorriu para ele. Ele sorriu de volta e levantou-se da mesa. Foi ate o quarto, pegou um dicionário, queria ver o significado da palavra esquizofrenia:
"Esquizofrenia sf. Med. Afecção mental em que há relaxamento das formas usuais de associação de idéias, perda do contato vital com a realidade, etc."
Não tinha mais duvidas. Voltou para sala. A velha continuava sentada na mesa e agora estava fumando. Ele a cumprimentou. Sentou-se ao seu lado e voltou a escrever:
"Alguém vai entender isso um dia. Agora eu sei qual e a doença do poetas. Vai embora. E preciso."
A velha não estava mais ao seu lado. A caneta fugiu da sua mão correu por toda extensão da mesa. Ele tentou pega-la, ela varou sua mão como uma flecha. Ele ficou para olhando aquela caneta da varias volta na mesa. Depois parou. Ele a pegou. Ela caiu da sua mão. Ele baixou-se apanhou a caneta no chão. Respirou fundo. O seu coração estava acelerado.
Jogou a caneta sobre a mesa. Não sentia as mãos. O seu coração disparou. A idéia da morte lhe tomou a cabeça. Olhou para o papel na sua frente e pensou que se ele morresse naquele instante aquilo que ele escrevia seria entendido como a carta de um suicida. Pegou a caneta e escreveu:
"Se fosse uma carta de um suicida seria ridículo. Não chega a nenhuma conclusão."
O seu coração acelerava cada vez mais. Fechou os olhos. Tornou a abri-los. Voltou a escrever:
"Pensando bem. Todas são assim."
Deitou-se no chão da sala para esperar o coração parar.



Paulo J. T. Lima
29/07/02




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