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Cordel-->ESTÓRIA DO CHICO-JÁ-TEVE- Parte 2 -BARBOZA LEITE - Ed. Pedro -- 11/02/2008 - 06:35 (pedro marcilio da silva leite) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ESTÓRIA DO CHICO-JÁ-TEVE

- 2ª PARTE -


Não conseguia pregar
os olhos para dormir
um jeito querendo achar
para poder diminuir

o que a ele parecia
para o povo uma desgraça
vergonha que cada dia
crescia como a fumaça

espalhando-se nas cidades
desde o céu até o chão
matando a civilidade
contaminando a nação

Botou o pé na estrada
outra vez, e foi andando
de forma determinada
do mundo a lapa ganhando

Passou na Cova-da-Gia
recolhendo o que comer
quando deu com Ave-Maria
foi forçado a se esconder

Felizmente estava escuro
e ele passou agachado
por traz dos restos de um muro
de um quintal abandonado

Em seguida atingiu
na estrada um cruzamento
foi quando, então, decidiu
entrar no Saco-do-Vento

Foi um grande avexamento
o que o nosso herói enfrentou
o cabo do destacamento
com a cara dele engicou

quando o Chico, no mercado
quis comprar umas bananas
o Cabo riscou do seu lado
querendo por Chico em cana

Foi um tal de Deus-nos-acuda
mas dali Chico saiu
pois Nossa Senhora da Ajuda
a seu favor interviu

Parecia um penitente
Chico-Já-Teve assim
caminhando para a frente
numa estrada sem fim

Perseguia um ideal
que carregava consigo
era inimigo do mal
e do bem um certo amigo

Uma vez em Ora-Veja
um lugar muito afastado
servia-se de uma cerveja
nosso Chico obstinado

quando surgiu um político
cheio de demagogia
fazendo um juízo crítico
sobre o que não entendia

Da conversa arripunando
Chico quis se retirar
mas o moço o segurando
obrigou Chico a ficar

Ao que Chico disse: anote
moço, o que eu vou dizer
quem não pode com o pote,
rodilha não deve escolher

Dar murro em ponta de faca
não é minha pretensão
a virtude se destaca
de quem fala com a razão

Não gosto de farrambanda
não sou de fracatear
se vai a corda, a caçamba
tem-lhe que acompanhar

O valor de um cidadão
nas ações tem a medida
esta é a minha opinião
e mesma na minha vida

e é por isso que eu protesto
contra a sua opinião
que o preço de um homem honesto
depende da ocasião

pois voismicê se esquece
que num caráter bem firmado
por coisa alguma enegrece
um nome conceituado

Pagou a bebida e saiu
com o passo açulerado
do que o político sentiu
já não estava interessado

Ganhou a lapa outra vez
do mundo que palmilhava
da corrida se refez
quando o galo amiudava

já chegando, ele então,
nas terras do Siri-Só
perto de Come-Feijão
distrito de Cafundó

Foi logo ali encontrando
um amontoado de gente
do local se aproximando
Chico parou de repente

quis voltar mas o chamaram
e ele não pôde evitar
as pessoas o rodearam
como se o quisessem pegar

Um bicho do outro mundo
Chico julgou-se, então
pelo espanto profundo
estampado na impressão

do povo meio abismado
o cerco mais apertando
desta vez estou roubado
já estava o Chico pensando

E o aperreio crescia
com mais gente aparecendo
jeito nenhum havia
do Chico sair correndo

O pau já ia comer
em cima do nosso amigo
sem ele poder conter
um eminente castigo

Quando uma idéia chegou
que foi sua salvação
- para o povo ele gritou:
onde está o meu irmão?

E, na mesma carristia
continuou a falar
para ver se conseguia
a sua pele salvar...

- não sou bruxa de enfeite
nem de circo sou palhaço
procurem o Barboza Leite
pra verem o que lhe faço

- meteu-se numa armadilha
cuja saída não acho
eu não sou água de bilha
pra matar sede de macho

- saiam da minha frente
porque espelho eu não sou
já fui muito paciente
mas a prosa se acabou

Nisso ouviu-se um trovão
E a terra estremeceu
- disse ele, é meu irmão
que, enfim me respondeu

Ele é muito violento
não perdoa a inimigo
e é ligeiro como o vento
por isso façam o que digo.

Saiam de perto de mim
e em casa vão entrando
se ele me encontrar assim
com todos vocês me cercando

não deixa ninguém pra semente
corta vocês com uma espada
feita de chamas ardentes
- por perto não fica nada

não escapa nem mosquito
se ele vier decidido
mata vocês com um grito
se não houverem fugido

O povo se convencia
aos poucos do palavrório
num instante parecia
que se estava num velório

todo mundo se afastando
enquanto uma chuva caia
Chico-Já-Teve molhando
mas fazendo-lhe alegria

Dali Chico foi saindo
depois do susto passado
o caminho foi seguido
procurando um alagado

para poder se livrar
de uma sujeira danada
que ele não pôde evitar
na hora da enrascada

Agora vou descrever,
porque foi a confusão
que Chico veio a saber
numa outra ocasião

Pusera-se de novo a andar
seguindo a lapa do mundo
depois de a roupa secar
pois estava muito imundo

quando encontrou mais adiante
numa sombra recostado
outro pobre viajante
com cara de assustado

que fez menção de fugir
mas Chico cortou-lhe o passo
pois, magro como um faquir
quase morto de cansaço

quando quis se levantar
Chico tocou-lhe na mão
e como uma folha no ar
ele rolou pelo chão

Sentou-se num improviso
com um olhar aboticado
e Chico deu-lhe um aviso
pra não ficar assustado

Quis então saber seu nome
pra iniciar um papo
respondeu-lhe o pobre homem
me chamam de Zé Fiapo

O povo daquele lugar
vive muito assustado
só tem gente prá levar
o seu esforço suado

Por isso quem vem de fora
é visto com prevenção
e sofre na mesma hora
a mais forte reação

“Eu sou como pau mandado,
o meu sonho terminou
se prego no pau furado
a munição acabou

se a água chega na bica
minha sede já passou
quando há fogo pra canjica
o milho no pé murchou.

quando por lá eu passei
me trataram brutalmente
mas eu não me incomodei
pois tinham uma coisa em mente

e disse-lhe que era um amigo
que apenas vinha avisar
que deles o inimigo
não iria demorar

era um perverso ladrão
expulso de Deixa-Ver
que roubava sem razão
e matava sem sofrer

só queria escapar
Zé-Fiapo confessou,
Para a estrada ganhar
uma mentira inventou

Chico-Já-Teve, o sem sorte
em seguida ali chegava
e, por pouco, sua morte
ali mesmo encontrava

Não havendo outra saída
Chico então combinou
Cada qual siga sua vida
Como antes começou

“eu sou como pau mandado,
o meu sonho terminou
se prego no pau furado
a munição acabou

se a água chega na bica
minha sede já passou
quando há fogo pra canjica
o milho no pé murchou.

Pra casa vou regressar
porque a estrada é pior
as coisas não vão mudar
do que está para melhor

Quem do cachimbo faz uso
fica com a boca torta
quem bebe fica confuso
que nem acerta sua porta

Quem desdenha quer comprar
noivo é quem a noiva gaba
resolvido a regressar
minha estória aqui se acaba”.

Leitor, descrevi o fato
com toda sinceridade
esmerei-me no relato
pra não faltar à verdade


Muitas coisas são assim
é preciso que se aceite
se a estória for ruim
culpe o Barboza Leite
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