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Artigos-->Pecado Capital - aos Cem anos de aniversário de JK -- 08/08/2002 - 18:11 (Ayra on) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sobre Construções



Lá vão eles, os operários

Carregam cansados, nas costas

Os sacos pesados e areias e almas.

De mãos petrificadas,

Por cal calejadas,

Acarinham suas filhas

Soletram palavras erradas e sentidas.



Alicerçam, balizam, rebocam, levantam

Do nada o ferro que também o forja.

É gente que ri, se cança, voa

Andares ainda nem construídos

(Ele próprio era seu construto civil)

O operário que opera a máquina

Não consegue operar a vida.



Lá vão eles, lá vão eles

Bailarinos suicidas

Equilibrance nas vigas

Vingativas e metáligas.

Ingratas vigas que foram apregoadas

Com tamanha prestação,

Escorregadia, corrupta, assassina.

E outro novo ponto marca a sua sina

De vermelho sangue e ex-vida.



E retorna o mais falido de trabalho,

E recria mais um dia de labuta,

E relembra cem minutos de alegria,

E recobra vinte anos de derrota.



Lá vão esses malditos operários

Barulhentos e famintos

Com seus filhos magricelos

Mulher gravida e velhos banguelas

Desfilarem suas feiuras adquiridas

Juntamente com lesões repetidas.



Operários, operários

Otários ou heróicos construtores.

Fantásticos ou fantasmas sob a torre,

Túmulo de tantos, cemitério pioneiro...

Cova rasa, bandeirante.



Lá vão eles, os operários.

Os operários das ascendência nordestina

E da nortista e da sulista e sudestina

Tão brasileiros, mas sem asas

Operários, operários

Construtores do silêncio





Uma inspiração acidental oferecida por domingos lembrou-me de expurgar isso que estava em minha garganta. Esta Brasília esconde seus podres em forma de corpos mortos em sua construção. Cem anos do aniversário de nascimento de J(f)K, darei flore. Aquelas flores que nasceram dos mais de quinhentos corpos desaparecidos no massacre na construção, uns enterrados em terrenos impossíveis, outros em lugares invisíveis e servindo de alicerces ao orgulho brasiliense: A torre. Num buraco infeliz, cova rasa, pessoas que deixaram suas famílias buscando o sonho da "capital da esperança" encontraram um sorriso brejeiramente mineiro, o crime, a morte e a morte.
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