À guisa de informação, este poema é essencialmente visual, todavia, pela falta de recursos aqui apresentada, aos que se interessarem poderei enviá-lo por e-mail.
Inspiração!
Uma idéia me salta aos olhos
Transpiração...
Penso em escrever?
Inspiração
Palavras desordenadamente pululam na tela.
Como um grito em noite de lua, cheia de alento a alma
Transpira...
Inspiro
um verso, uma frase, entôo um surdo canto
Penso na rima, organizo a sintaxe,
Transpiro...
Um bemol define a melodia.
O que escrevo suplanta a idéia que me
Inspira
Já não sou tão-somente coração,
O corpo todo arde
Transpiram
Pés mãos encéfalo!
A primaveril brisa
Me inspira
No reverso
O calor do pensamento
Faz-me transpirar, os dedos
Sofregamente digitam palavras
Que me saem vibrantes
Dos lábios do pensamento
Absorto
Inspiro
Absorto
Transpiro
Inspiração...
Transpiração!
Rômulo Venades da Rocha – 11/09/2003
Gostei muito do poema. É primoroso. Envio aqui um pequeno comentário.
Há uma associação bilateral dos sentimentos emoção (inspiração) x razão (transpiração). O primeiro elemento da constituição binária aponta para a criação da idéia, da subjetividade intrínseca ao eu-lírico.; o segundo elemento remete à luta com a palavra, à materialização e à explicitação (letra no papel) da subjetividade, do pensamento. É o esforço, o trabalho, a organização das idéias no papel. Note-se que os primeiros versos evidenciam essa situação: “Uma idéia me salta aos olhos” / “Penso em escrever?”. Além disso, o eu-lírico usa o verbo “pensar”. Pensar é raciocinar, racionalizar para melhor organizar o poema. A luta com a palavra é que faz “o corpo arder”, se enfadar pela relutância das palavras a se renderem à habilidade do eu-lírico.