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Contos-->Contos VerídicosApreender antes para depois... -- 08/07/2004 - 21:27 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Mais ou menos por metade de 1963, em que eu estava absolutamente insatisfeito com a entidade patronal da firma onde trabalhava, respondi a um cativante anúncio e passados uns dias fui convidado para uma entrevista, no Grande Hotel da Batalha, no Porto, sob a espectacular regalia de me remunerarem o tempo disponibilizado para o efeito: 500 escudos, e eu ganhava à época 1.800 por mês.

Tratava-se, como depois constatei quando fui admitido, de um quadro administrativo de uma importante empresa que, para manter o anonimato, se tinha alojado no hotel e dispunha de um gabinete para receber os candidatos.

Mal entrei e me sentei defronte à escrivaninha do bem posto e impecável indivíduo, de imediato este depôs à minha frente uma nota de 500 e solicitou que eu rubricasse um recibo.

Em seguida abriu uma gaveta à sua direita e retirou, do tamanho de duas mãos em concha, um cubo negro parcelado em 27 cubos, 27 vezes pois mais pequenos. Explicou-me que todas as faces interiores dos cubos pequenos estavam a encarnado, dispersou o cubo sobre a secretária e informou-me que ia marcar o tempo que eu levaria a remontá-lo com exactidão.

Logo que terminei a tarefa, em número que se me fixou para sempre na memória, anunciou: muito bem, 1 minuto... 1 minuto e 10... 1 minuto e 11 segundos exactamente. Está dentro do tempo dos mais rápidos, o que, desde já o alerto, para o efeito que pretendemos, não é recomendável.

Na altura e apanhado de sopetão era-me impossível raciocinar que a alusão referida tinha o propósito de avaliar o meu grau de desmotivação em face das contrariedades desagradáveis.

E prosegui com vários e rápidos testes dos quais me fui desembaraçando com a maior das tenecidades e, ao mesmo tempo, pensando com meus botões: ena Toninho, estes gajos - a empresa - devem pagar bem para caraças, o que também me dava um ânimo do caraças.

Cheguei enfim ao pormenor importante que me levou a desenvolver por escrito este contozinho. O cavalheiro, como última intervenção, enunciou: agora vou colocar-lhe uma questão para a qual lhe peço que responda com a brevidade possível. E atirou: - Se porventura, ou mau grado, tivesse de escolher entre preto e vermelho, sem poder optar pelas duas cores, qual delas escolheria?

- Ei lá... - cogitei - e ao mesmo tempo retorqui: - Assim, sem mais nem menos, sem conhecer as particularidades da situação? - Assim mesmo... Acrescentou o senhor a sorrir.

- Aprecio uma e outra cor, gosto e desgosto das duas consoante o enquadramento, mas no caso, que não me resta alternativa e tenho mesmo de decidir-me, escolheria o preto...

- O homem fez uma cruzinha num quadrinho sobre o documento que continha os meus elementos e, já a levantar-se para me encaminhar para a saída, disse: sem qualquer efeito para a entrevista, posso saber porque escolheu o preto? Respondi: porque se o cubo é preto por fora para evitar a presença da sujidade com o manuseamento, embora incontornavelmente se suje, parti desde logo do princípio que, no desiderato posto, o preto é muito mais útil do que o vermelho.

- Oh... Mas muitíssimo bem. Aguarde, que vamos concerteza contactá-lo outra vez. Cumprimentámo-nos e saí.

Dois meses adiante, na posição de funcionário da ZANCO & Cº, parti para Moçambique, onde fui pioneiro na obra de construção da Barragem de Cabora-Bassa, usufruindo mais 20 vezes de ordenado em relação ao que então ganhava.

E Você, no perpasse do descrito, apreendeu em antes qualquer coisinha que lhe poderá ser bastante útil para depois? Há pequenos nadinhas que aparentemente não servem para nada agora mas têm um imprescindível valor dois passinhos à frente...

Torre da Guia = Portus Calle

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