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Poesias-->BORDADOS E LABIRINTOS -- 08/05/2005 - 14:21 (ANTONIO MIRANDA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
BORDADOS E LABIRINTOS



Poema de Antonio Miranda





Debruçada sobre a almofada cilíndrica

dedilhando bilros de madeira lustrada

vejo minha mãe, corcovada

cruzando os fios e espetando alfinetes

- talvez espinhos de mandacaru –

perfurando no papelão o riscado

de motivos florais tão sutis.



Vejo outras mães, tias, sobrinhas

na dança dos bilros redondos

tramando rendas e bordados

cruzando fios de algodão

em combinações labirínticas

- linhas grossas, espessas

embaralhadas, enviesadas

ganhando formas e cores.



Modelagens de sonhos coletivos,

artefatos engenhosos, manuais

com agulhas e dedais

- são pontos de cruz e crivo

ponto cheio e matiz, ponto estrela

ponto d´água, ponto-a-jour

ponto no ar, moldando figuras

esticadas em bastidores tenazes.



São arabescos bordados

teia e enredo, tramas e tessituras

de fazeres e manufaturas:

são rosáceas, engenho e arte

na espessura do linho

na alvura da cambraia

pela rudeza do morim

e a pureza do organdi.



Monogramas aplicados em travesseiros,cestinhas (delicadas) forradas de cetim

com apliques, tecidos recortados

com os fios retirados, trançados

formando geometrias e simetrias

repetindo e multiplicando-se

em peças emendadas, arremates.



Vejo minha mãe-bordadeira

à luz do dia, à máquina de costura

preparando o enxoval de bebê,

a cortina e os guardanapos enfeitados

a toalha de mesa em richelieu.



Solteironas, viúvas, mulheres

abandonadas, avós e netas

na cerimônia da iniciação

- no Ceará, no Rio Grande do Norte

e na ilha de Santa Catarina –

de mãos ágeis que mais sabem

na moldagem do tecido vazado

nas tramas de luz e aragem

da renda de filé, na renda de crochê.



É quando as linhas se cruzam

e se enlaçam em nós e pontos

tecendo as redes com varandas

em Mato Grosso ou no Maranhão

como tapetes voadores caprichosos,

como sugestivos jardins florais

nas cortinas e nos finos panos de mesa

decorando as sacristias das Minas Gerais.





Chácara Irecê, 7 de maio de 2005
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