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Poesias-->POVOS DE RUA -- 08/05/2005 - 14:24 (ANTONIO MIRANDA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
POVOS DE RUA



Poema de Antonio Miranda



“... minha percepção de rua: fio de ligação

entre a matéria e o espírito”.

CRISTINA DOS SANTOS PEREIRA






A rua é a pátria dos excluídos,

dos povos de rua, desalojados

dormindo seminus nas calçadas

procriando e constituindo

famílias errantes e carentes.



O Brasil é uma rua só

que começa em Salvador

continua em Maceió e Fortaleza

chega ao Rio de Janeiro

passa por Curitiba e Belo Horizonte

estreitando-se em Belém do Pará

e terminando em Porto Velho

e Cuiabá, além de Brasília.



Uma rua só e sem teto

em que transitam hordas

humanas, dejetos, povos deserdados

da sorte, os desafortunados,

os expulsos, uma coorte

de humilhados, desempregados,

catadores de papel, travestis

prostitutas e proxenetas

bêbedos, drogados, doentes

nas sarjetas, debaixo de marquises.



Uma rua que começou em Lisboa

com os seus enjeitados, mendigos

meninos sem pais, abandonados

às portas das igrejas, degredados.



Uma rua que começou nos porões

das galés dos escravos d´África,

nas ralés dos imigrantes e exilados,

na trilha dos retirantes da seca,

do latifúndio e da ignorância.



Famintos mas plenos de fé,

loucos mas ainda esperançosos,

em andrajos mas até orgulhosos,

exigindo respeito e dignidade

no lúmpen, mas em liberdade.



Biscateiros, vendedores ambulantes,

malandros, aleijados, boêmios inveterados,

meninas estupradas, transeuntes,

feirantes em pernoite, notívagos, vagabundos,

as vítimas de assaltos e chacinas

- e os fanáticos, pregadores de Bíblia na mão

anunciando o fim dos tempos.





Chácara Irecê, 7 de maio de 2005
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