Usina de Letras
Usina de Letras
18 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62297 )

Cartas ( 21334)

Contos (13268)

Cordel (10451)

Cronicas (22541)

Discursos (3239)

Ensaios - (10393)

Erótico (13574)

Frases (50688)

Humor (20041)

Infantil (5462)

Infanto Juvenil (4785)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140826)

Redação (3311)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6214)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cordel-->MONGA E ERIBALDO- Tempo de Paixão em Caxias -- 08/04/2008 - 16:01 (pedro marcilio da silva leite) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eribaldo, marcar a sua presença
nas tardes de sábado era sagrado
pois nada lhe tirava a paciência
para ficar melhor posicionado.
Esperava horas abrir a bilheteria
para ficar no ângulo que ela olharia
quando a sessão tivesse começado.

Todo sábado em todas as sessões
eram os mesmos os procedimentos
de um homem cheio de emoções
e aflorado dos bons sentimentos
que observava a amada encenando
e, em gestos teatrais se transformando
aumentando-lhes os batimentos.

Monga, a paixão que lhe chegara
nesta fase adulta de sua vida
foi uma graça que alcançara
depois de uma caminhada sofrida.
Foi uma medalha, um troféu
como da noiva um buquê, um véu
no seu dia mais bem vestida.

Monga, num gorila se transformava
em sessões circenses pelas feiras
da cidade que sempre abrigava
essas artistas, estrelas tropeiras
que animavam as almas sorridentes
no imaginário lúdico dessa gente
que dá brilho a uma nação inteira.

Há muito tempo se ouve dela falar,
de suas façanhas e transformações.
Corações que se deixaram apaixonar
no impacto das primeiras aparições
quando ao contrário queriam correr
e em seus braços se jogando morrer
para aplacar tão intensas emoções.

não se sabe se era forte feitiçaria
ou mágicos espelhos de cristais
a sedução que Monga despertaria
com alma de mulher ou de animais
o que se sabe com toda certeza
é que era mulher de grande beleza
de curvas suaves e magistrais.

os olhos negros e amendoados
cortava com rasgos penetrantes
o mais maduro dos apaixonados
o mais ardente dos amantes.
Tal qual uma pintura de cigana
onde a magia e o mistério emana
chegava a frente do adiante.

Entre os dois grades de aço
impediam lances mais ousados
como o mais singelo abraço
ou o mais pungente afago.
Havia também entre a multidão
para que em sua transformação
não provocasse maior estrago.

Belas pernas de cinema hollidiano
quando em cena, ela aparecia
as taras escondidas do ser humano
e o masculino povo até gemia.
Era Monga de preto e perna desnuda
com a boca vermelha e carnuda
adubando desejos que florescia.

Eribaldo bem que não gostava
daquele burburinho que havia
quando a pele da coxa provocava
e muita coisa abusada crescia
observava como olhar franzido
no mais escuro, mais escondido
teso, ele em silencio rugia.

Quando Monga se transformava
no imenso gorila amedrontador
Era a hora que sele se vingava
espalhando no recinto o pavor
quando ela da jaula sair, tentava
ele a parede de flandres socava
provocando o maior terror.

Havia valente que saia correndo
outros até que se agarravam
muitos pensavam estar morrendo
meninos até que se borravam
mas Eribaldo vingado se sentia
quando em monga, pressentia
o olhar dos que se apaixonavam

Pois o amor é combustível da paz
da mais doce e serena alegria
é tão lindo, lindo por demais
é paixão, é ternura, é poesia
motivação maior de ser feliz
quando o amor que sempre quis
é correspondido com galhardia.

mais quando tudo é invertido
doloroso, inexato e transverso
é o trágico amor dos condoídos
não ficando impune a tristes versos
são passos claudicantes em nuvens
no abraço dos que nada possuem
para falar desses, humildemente peço

não de Romeus e Julietas, os jovens
nem de Tristão e Isolda, amantíssimo
tampouco de um Príncipe e Diana, totens
ou Liz Tailor e Burton, amabilíssimos
mas de uma relação profunda e trágica
bastante duradoura, sempre mágica
de amores que nos deixa amicíssimos.

Dos que apesar de tudo acreditam
e por isso são capazes de sonhar
e por sonharem até modificam
o que não podiam modificar
transformando em novas situações
muitos antigos sombrios corações
que de feios passaram a embelezar

Um dia Monga o viu num bar
que havia na feira de Caxias
pouco depois da sessão acabar
e isso lhe encheu de alegria.
Conversaram sobre tudo e mais
do que não gostam e do que apraz
de amor, solidão e até poesia

Falaram dos sonhos insistentes
desses que não deixam adormecer
sonhos que remexem o alma da gente
sonhos que podem matar ou morrer.
Sonhar com ele, ela disse que sonhou
e Eribaldo, agora, desse fato sabedor
só pensava em juntos, viver.

Passaram-se semanas de planejamento
para o que fazer, que rumo iriam tomar
a paixão lhes dava muito esquentamento
e o tempo imperioso não queria esperar.
A dispensa do emprego Monga não teria
nem o patrão, nem fans, ninguém deixaria
até mesmo a cidade não iria dispensar.

Fizeram as malas aguardando a ocasião
que pudessem sair sem serem notados
era difícil para Monga, uma grande sensação
quanto a Eribaldo, não ficariam preocupados.
Um dia, na festa cívica de 25 de agosto
foram embora da cidade sem olhar seu rosto
levando muitos de seus sonhos sonhados.

Naquela época, conhecida como dormitório
a cidade muito mais trabalhava do que dormia
ser a namorada do trabalho era fato notório
que ninguém questionava ou mesmo escondia.
Sonhar não custa nada já dizia o prosador
apenas um arranhão ou um desbote da cor
se o despertar lhe trouxer melancolia.

Os dias foram passando e ninguém falava nada
não se dava notícia alguma de seu paradeiro
deste que um amante levou a sua namorada
por ordem do prefeito procurou-se no país inteiro
de norte a sul, leste a oeste, no mais distante rincão
até lá pelas bandas de Ipu e Caxias do Maranhão
havia uma Monga, mas Eribaldo não era verdadeiro.

Com o tempo novas paixões foram aflorando
como que substituindo outras mais antigas
que o tempo inexoravelmente ia passando
e até as mais famosas e ardentes eram esquecidas.
Certamente a vida desses nossos dois personagens
hoje estejam em outras feiras, em outras cidades
vivendo a plenitude do amor na consagração da vida.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Perfil do AutorSeguidores: 5Exibido 835 vezesFale com o autor