Usina de Letras
Usina de Letras
63 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62245 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22538)

Discursos (3239)

Ensaios - (10372)

Erótico (13571)

Frases (50643)

Humor (20033)

Infantil (5441)

Infanto Juvenil (4770)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140812)

Redação (3308)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6199)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->O TALHER -- 14/07/2004 - 12:35 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Allan Bança e seu irmão Allan D. Lom, chegaram cansados, naquele domingo, à praça central de Tupinambica das Linhas. Eles haviam passado, praticamente a noite toda, numa festa de aniversário havida na residência do Chuma.
Uma das causas de tanta fadiga era a permanência, por horas a fio, num ambiente fechado, com atmosfera nebulosa, produzida pela queima da Cannabis Sativa Linnus. Segundo comentários posteriores, sobre a festança, havia mais fumaça ali naquela noite, do que em queimada de canavial, no tempo de colheita.
Eles resolveram permanecer na região central, logo depois do fim da festa, por considerarem o trajeto que deveriam fazer a pé, até suas casas, um tanto quanto desgastante.
Ao entrarem no bar e restaurante Filé Miau, (foram os primeiros, naquela manhã), e pedirem o pingado esperto, notaram, que meio grogue, aproximava-se o Mingo não menos pançudo e capengante.
Entrou porta adentro com o pé esquerdo e foi logo dizendo. "Estou fora de forma. Preciso emagrecer. Se não vou acabar caindo".
Os irmãos entreolharam-se mas intocados pelas palavras do adventício, não responderam e prepararam suas xícaras, colocando nelas o açúcar, esperando o café que estava sendo coado.
Mingo, não encontrando receptividade e nenhum ato que demonstrasse ausência de hostilidade, sacou do bolso traseiro um exemplar de O Diário de Tupinambica das Linhas.
Abriu-o; mal humorado, defronte ao balcão, e pedindo um café no copo americano, foi expectorando: "Esse arremedo de jornalista, não paga ninguém e ainda quer viver com orgulho de ver seu jornal, nas bancas, no dia seguinte, sem nenhum erro de revisão. O cara é tão safado, que quando resolve pagar, paga com cheque cruzado, na sexta-feira, depois das 16 horas!"
Allan Bança tocou-se e percebeu que o Mingo falava do Zé Cílio, um poeta melancólico metido a fazer jornalismo.
O Mingo continuou: "O sujeito não vê um auto de penhora no próprio olho e quer falar sobre o pêlo alheio?"
Ajustada a bateria, Mingo centrou o fogo: "Eu acho que o pessoal é injusto com ele. Endeusam-no a toa. Isso que ele faz, qualquer um faria. Ele, pra mim, na verdade, não tem nada a ver com lenda viva de Tupinambica das Linhas. Ele não passa de uma lêndea viva desse fazendão, isso sim!"
Bança e D. Lom entreolhando-se, trocaram um sorriso de escárnio. Mingo, na dúvida sobre se lhe gozavam, ou riam do seu alvo, esticou o canhoneio: "É tão metido a galã, que antes de entrar no quarto, na lua de mel, teve a idéia de carregar a noiva nos braços e coloca-la suavemente na cama. Mas quem é que tirava aquela baleia do chão? Mal abriu a porta, e caíram os dois de boca, no tapete, perto do abajur".
O dono do boteco, equilibrando a cinza pendente na ponta do cigarro, que mantinha preso nos lábios, retirou o coador do bule e serviu o café pro Mingo. Esse guardou o jornaleco no bolso traseiro, ingeriu um gole, arrotou e perguntou: "E você Bança, onde morais agora?" Ele não teve tempo para responder. Abordou-os, fazendo estardalhaço, um sujeito mal encarado, dizendo ser candidato a vereador e pedindo votos.
Indiferentes, os três deixando, xícaras e copo vazios sobre o balcão, dirigiram-se ao caixa para pagar as contas. Silentes, e com passos calmos, abandonaram o botequim.




Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui