Foi lembrado no dia 2 de agosto do ano 2002, no Rio Grande do Sul, o massacre que ocorreu há 128 anos, vitimando Jacobina Mentz Maurer, líder religiosa de origem alemã. O fanatismo religioso e a intolerância governamental exterminaram o grupo em 1874.
A história é retratada pelo cineasta Fábio Barreto no longa-metragem A Paixão de Jacobina, que começará a ser exibido para todo o Estado do Rio Grande do Sul. A história também já foi contada num outro filme, com legendas em português, denominado Os Mucker, na década de 1980.
A nova produção cinematográfica é da Família Barreto, baseada na obra de Luis Antônio Assis Brasil, que conta a saga dos muckers, que faziam parte de uma pequena comunidade de fanáticos religiosos que se formou no então município de São Leopoldo - atualmente no de Sapiranga - na localidade situada ao pé do morro Ferrabrás. Como todo o município de São Leopoldo, aquela era uma área ocupada por imigrantes alemães católicos e protestantes, que haviam chegado ao Rio Grande do Sul a partir de 1824.
O grupo de fanáticos era liderado por Jacobina Mentz Maurer - que se julgava uma reencarnação de Cristo e que prometia construir a "cidade de Deus" para seus discípulos. Jacobina, desde criança, passava por "transes" e, quando nesse estado, diagnosticava doenças. Em 1866, se casou com João Maurer, e sua fama começou a crescer. Um grupo de adeptos cada vez maior se reunia na casa do casal nos finais de semana. O movimento foi crescendo, Jacobina foi proclamada "Cristo" e chegou a escolher seus apóstolos.
Os seguidores de Jacobina seguiam regras rígidas. Não bebiam, não fumavam, e não iam a festas. Isso provocava uma certa resistência por parte dos demais colonos alemães - resistência que se tornou maior quando os seus seguidores passaram a tirar as crianças das escolas comunitárias.
Essa antipatia entre os colonos "normais" e os seguidores de Jacobina fica bem expressa nos apelidos que respectivamente se deram: Mucker - falso religioso, santarrão - era a maneira como eram chamados os "fiéis" da novo "Cristo". E Spotter - debochadores - era como os seguidores de Jacobina chamavam seus adversários.
A jornalista Eliana Canejo, autora de boa parte do texto, não sabe, mas há questão de quatro anos abordei a história dos mucker num artigo para o jornal O Estadão do Norte-RO, e um descendente do único casal que sobreviveu ao massacre tentou manter contato, estranhando que alguém conhecesse a história no Norte do Brasil. Um infeliz apagou o e-mail, impossibilitando tal oportunidade. A história é muito interessante, e mais uma vez ficou provado que a ignorância prevaleceu nos primeiros tempos do governo brasileiro.