Usina de Letras
Usina de Letras
57 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62245 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22538)

Discursos (3239)

Ensaios - (10372)

Erótico (13571)

Frases (50643)

Humor (20033)

Infantil (5441)

Infanto Juvenil (4770)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140812)

Redação (3308)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6199)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->O PULO DA GALINHA -- 23/07/2004 - 10:34 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
"Dizia que era donzela / Nem isso não era ela / Era uma moça que dava." (Vinicius de Morais, Poemas, Sonetos e Baladas, p. 93.)




Allan K. Gow aproximou-se de mim, sacou do bolso da camisa um cigarro e, acendendo-o disse: "Allan Kardec é a reencarnação do Caifás". Interrompi a leitura do Diário de Tupinambicas das Linhas e olhei pra ele. Seu rosto estava túmido; ele bufava; seus cabelos brancos e curtos impediam a percepção da caspa, que lhe escorria pelo pescoço e ombros.
Ele olhou-me com a soberba de quem detinha a verdade, e dizendo que a cidade merecia mesmo tudo aquilo que desfrutava, pôs-se a caminhar com aquele seu passo lépido.
Dirigiu-se até a fonte, que àquela hora jorrava água pro alto, voltou e estacando defronte aos meus pés afirmou: "Eu devolverei pra esta city tudo aquilo que ela me causou". Antes d eu o inquirir sobre o que faria, para receber o seu crédito, ele foi logo apresentando o relatório: "São duas internações psiquiátricas, dois processos com base em falso testemunho, execração pública, difamação, injúria, e empobrecimento". Sentou-se e simulando com as mãos o gesto de quem faz contas resmungou: "Deixa ver... menos 45..., 23 divididos por 1.000.000... Hum...Ah! eu acho que uma pequena explosão atômica resolverá a questão. O epicentro deverá ser no cruzamento das ruas Regente Feijão e Beijoamim Constantemente.
Antes mesmo que eu pudesse falar qualquer coisa ele continuou: "O Allan Karl Nissa, meu irmão, (você conhece, não é?), estava um dia tão louco, mas tão louco, que limpou a bunda com a bandeira do Brasil". Enrubesci, porém ele continuou: "Eu bem que chamei a atenção dele, mas não adiantou. Ele só parou de fazer aquelas trapalhadas, quando eu lhe disse que a bandeira brasileira era fichinha pra bunda oligárquica que ele tinha. Com tanta nobreza no rabo, só a bandeira da ONU estava de bom tamanho, e seria suficiente pra ele".
Allan K. Gow falava e falava: "O irmão da Sarapórva, (ela não era girafa, mas tinha 1,20m só de pernas; você não conhece?), possuía umas manias esquisitas. Lá na usina de açúcar tentou implantar um sistema que imitava as escolas infantis: depois de algumas horas de trabalho, todos deveriam parar, e assim como sucedia nos grupos escolares, devia-se observar um tempo de recreio". Olhei-o com espanto e ele continuou: "Quase mataram o coitado..."
De repente, vindo lá da rua da Greve o Allan Bança chegava todo faceiro. Ele disse: "É bem melhor, meu amigo, sentir a reprovação sincera do que o elogio falso". Allan K. Gow e eu o olhamos, sem entender muito bem o que ele queria dizer. Allan Bança continuou: "Sabe gente, ando com o fígado empaçocado. Não sei se é a pinga do Café Miau, ou o feijão da dona Santina".
Allan K. Gow e eu nos entreolhamos. Bança continuou: "Ih, rapaz, lá vem aquele chato do Chuma. Deixa eu ir embora, que não quero escutar besteira. Esse cara parece uma fuinha bigoduda. Fazem doze anos que me persegue. Enche o saco que nem unha encravada. É mais ruim do que chulé de bóia fria!" Dizendo isso, saiu rapidinho, tomando o rumo da rua Boa Vida.
Quando o Chuma se aproximou, o Allan K. Gow perguntou-lhe: "Chuma, você é um sujeito muito querido aqui na cidade. Recebeu até título de cidadão Tupinambiquence. Diga-me, por que o pessoal te chama de Chuma?" O adventício, limpando a garganta, assoprando o assento do banco onde sentaria e, tomado por um certo orgulho começou: "É o seguinte... Chuma é uma corruptela e chumaço. Chumaço é uma alusão aos meus encaracolados cabelos brancos. Você me entende? É desnecessário o desenho?" De repente, três jatos expelidos duma cloaca, estacionada num dos galhos da árvore contígua, embostearam-lhe o colo. Sem perder a pose, Chuma concluiu: "Está certo que não podemos agradar a todos. Mas reprovação, assim desse jeito, meu amigo, já é demais! Tem muita penosa cagona nessas terras. Vejam o meu Monza. É velho, mas está pago! Olha lá... cheio de titica, coitado!
Pude perceber que era praticamente impossível terminar a leitura do jornal ali na praça. Contrariado, levantei-me e, macambúzio, iniciei a caminhada de volta pra casa.




Leia também, do mesmo escritor, O PAU DE AÇÚCAR, em erótico.


Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui