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Cronicas-->Quando li a carta que deixou quando se foi -- 09/08/2003 - 02:19 (Manfredo Niterói) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Quando peguei a folha de papel ofício, dobrada em 8 gomos embaixo do cinzeiro pude ler Enquanto ele. Ao tirar o objeto de cima a frase completava-se, cercada por uns traços grandes e riscos menores que serviam de moldura; Enquanto ele dorme.

Deixara ali de propósito, para que eu visse. Fumava como um louco e dentro em breve, sabia ela, precisaria de um cinzeiro limpo. Deitei-me no sofá e comecei a leitura. Suas letras eram muito bonitas e senti que fez com muito capricho. Datada de 07 de janeiro de 2003, assim estava:

Não nos víamos desde o dia 30 de dezembro, então ontem(06.01) nos reencontramos. Cada vez mais sinto a sua falta e percebo que todo aquele amor que lutei para que desaparecesse, volta com força tamanha.

Ontem disse-lhe não mais querer encontra-lo, ele não contestou, disse-me apenas que fizesse o que julgava melhor.

É tão bom estar próxima dele, em qualquer lugar que seja. Até mesmo em Nilópolis - um lugar horroroso que fomos, digo, estivemos hoje - mas ainda assim creio que da forma que temos nos relacionado não será possível, não para mim. Ele nem se importa muito, acha que assim está ótimo, nos vemos quando dá e é sempre muito bom.

Quando o conheci - por telefone - não tive muita simpatia, mas quando o vi pessoalmente me encantei com nossas conversas, seu jeito de falar, de olhar e até sua maneira meio espalhafatosa de brincar.

Logo tornei-me sua mulher, e nunca me senti tão mulher nos braços de outro homem.

Nos separamos e eu fiz por onde apaga-lo da minha vida para não sofrer muito com sua ausência. Mas guardei comigo um objeto que tinha certeza que seria motivo do nosso reencontro, e foi.(o livro)

Hoje penso que seria melhor se não o tivesse procurado, pois tenho me sentido mal com algumas situações e descobri que jamais serei sua amiga apenas, pois não sei ser sua amiga.

Sempre tivemos uma relação de homem/mulher, eu o desejo assim como se deseja um homem, eu quero seu corpo, seu beijo, suas carícias; gosto de sentir seu corpo dentro do meu, sua boca na minha e morro de ciúmes.

Hoje passei por uma situação chata, que acho que eu mesmo criei. Liguei para minha casa e ninguém atendeu mas pelo fato de ter identificador de chamadas, achei que minha amiga ligaria de volta e assim que bati o telefone daqui o mesmo tocou, atendi pensando ser Nininha mas não era. Era Isabel, então fiquei sabendo que ela tem feito visitas a Roberto e eu na condição de mais uma amiga não posso reclamar.

A verdade é que me sinto sua mulher mais do que deveria e implico com coisas que não são da minha conta.

Na verdade o problema não é Isabel, o problema é a situação toda. Não há mais confiançca - dele em mim - e eu também não sou uma amiga especial, eu sou só mais uma amiga - que ele "come", afinal ele costuma "comer" suas amigas! - e eu não sei viver do seu lado assim. Eu não sei ser sua amiga sem ser sua mulher.

Agora eu vou embora e não volto mais, desse jeito fica mais fácil pois assim não tenho como manter esperanças inexistentes.

Acho que agora pode doer menos do que se eu deixar o tempo passar.


Ui, ui, ui... Isso iria acontecer, mais cedo ou mais tarde. Fio até mais tarde do que pensei, de certa forma.

Era noite de oito de janeiro e no dia de ontem já vira o papel debaixo do cinzeiro. Sabia do que se tratava. Adiei lê-lo. Enquanto escrevia estas linhas ambas me ligaram. Trataram-me bem, como de costume. Não falei sobre o bilhete com Cissa e Isabel não comentou nenhum telefonema. O que conversaram enquanto dormia na tarde do dia sete?

Lembrei-me ainda do furo que cometera quando acordei da soneca após a chegada de Nilópolis. Ao sair do quarto, abri a porta ameio sonolento e gritei :

- Isabel?

Ato contínuo, lembrei-me que era Cissa que estaria na sala então rapidamente completei, antes mesmo de vê-la:

- Cissa? Joana? Jaqueline... - e fui rindo até ela, como se fosse aquilo uma brincadeira. Achei-a com cara de poucos amigos. Aquilo não ia colar mesmo, já tinha percebido.

- Deve ter sido um pesadelo que teve! Achou que eu era Isabel!! - disse num tom que posso conceituar de "estranho".

Resolvi não falar mais nada. Estava sentada com um papel em sua frente, de costas para a janela. Cheguei mais perto e ela tampou o que escrevia. Perguntei se poderia ler depois e ela disse que escrevia para ela. Para tentar manter um clima ameno - como se nada "daquilo" tivesse acontecido - perguntei se não posso ler as coisas que ela escreve para si. Disse que não. Deixei para lá. Minha situação não era das melhores mesmo...

Saiu de minha casa para trocar de roupa para irmos a um show mais tarde, mas não consegui os ingressos e como estava com cólica acabou por não vir também, o que não me desagradou pois pude passar a madrugada no computador.

Agora fica a dúvida. Como está minha situação?

Talvez seja verdade. Não ligo muito. É mais uma amiga. E nem está com essa bola toda. Isabel disse-me que comprou um CD da Cássia Eller para mim. Deu-me um do Elvis que queria muito no Natal. Se a chamasse viria para cá. Rosana ainda no meu pé. Mayumi me liga de vez em quando.

A situação não está de todo ruim. De qualquer jeito, acho que ela volta ainda. Caso contrário, sentirei sua falta. Só o tempo - e esses contos - poderão nos dar a resposta.
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