Aqui vão, por ordem cronológica, quatro episódios ocorridos este mês, envolvendo Ciro Gomes, Lula e jornalistas.
1) Ciro Gomes deu uma entrevista aos repórteres Expedito Filho, Gerson Camarotti e Ronald Freitas, da revista Época. Nela fizeram-lhe a seguinte pergunta:
Por que o senhor colocou seu irmão Lúcio como tesoureiro de campanha?
Ciro respondeu:
Não é da sua conta
Pouco depois foi mais claro:
Vocês estão a serviço do Serra. Isso é lamentável. Eu li a entrevista do Serra. Foi laudatória.
2) Um repórter da Folha de S.Paulo perguntou a opinião de Ciro Gomes a respeito da relação do deputado José Carlos Martinez com o espólio de Paulo César Farias, junto a quem ele fez um empréstimo de US$ 1,6 milhão. Martinez é o coordenador da campanha de Ciro. O $audo$o PC foi o coordenador da campanha presidencial de Fernando Collor. Ciro respondeu:
Vocês estão a serviço do candidato do governo, que está desesperado. (...) Não há relação de dívida com morto. Isso é forçar a barra, vamos devagar com o andor. (...) Se uma pessoa privada tem uma dívida com outra pessoa privada, o que tenho com isso, amigo?
3) Durante um almoço na Folha de S.Paulo, seu diretor de redação, Otávio Frias Filho, fez duas perguntas a Lula. Numa, indagou a que tipo de aprendizado dedicou-se nos últimos anos. O candidato considerou a pergunta preconceituosa e informou que não a responderia. Passaram os pratos, veio o café e o jornalista interpelou-o sobre a aliança do PT com o PL, linha auxiliar do malufismo . Lula respondeu que tentara alianças à esquerda, sem sucesso. Otávio Frias Filho interrompeu-o, classificando sua resposta como evasiva. Assim não dá para continuar , respondeu Lula, abandonando a mesa, a sala e o prédio.
Na quarta-feira, numa palestra, Ciro Gomes informou: Tenho um punhado de idéias para serem melhoradas no debate, mas aí vem um jornalista da Folha perguntar para deixar embutidas suspeições. (Referia-se a uma possível curiosidade a respeito de sua relação com o deputado Martinez.)
Para que nenhum dos dois candidatos fique com a impressão de que esta nota é coisa daquele tipo de gente que o doutor Getúlio Vargas chamava de jornalista dissolvente , vai aqui uma pergunta a ambos:
A que o senhor atribui a percepção, pelo povo, da sua qualificação como administrador, das virtudes cívicas de suas alianças e da clarividência de suas propostas?