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cronicas-->A SALETA -- 12/08/2003 - 09:47 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Luísa Fernanda, a fodida, a escalafobética, a mocréia, o dragão banguela, o sapatão incongruente e petulante, fazia aniversário no dia 10 de janeiro. Mas como sua bisonhice extrapolava os limites do bom senso, considerava que todos os dias dez deveriam ser comemorados com muito barulho e sujeira. E, se naquele dia o Palmeiras jogasse, os motivos seriam redobrados para a consecução de mais ruídos e perturbação.

Luísa Fernanda, nos primeiros dias de agosto, do ano em que o Brasil tornara-se pentacampeão mundial de futebol, era procurada por agentes obstinados da polícia federal. Ela tinha certas habilidades especiais para "esquentar" veículos roubados; essas potencialidades trouxeram-lhe fortuna relativa.

Ela agia comprando carcaças e documentos dos automóveis sinistrados; auferia lucros centuplicados ao vender os papéis e partes do chassi, que continham a identificação dos carros, a ladrões e receptadores; eles reinserindo então os números dos autos sinistrados, nos produtos dos crimes, obtinham carros praticamente "legalizados".

Quando via as burras cheias lembrava-se sempre duma velha amiga sua, que ao passar por momentos difíceis, depois da cirurgia transexual, aliviou-se com as mezinhas supimpas dum boticário famoso.

Sentia prazer especial em pavonear-se pelas ruas do bairro depois que se ataviava com a bermuda preta e camisa azul. Mas não atinava nunca que os artelhos, ao vazarem pelas bordas frontais do chinelo largo, davam-lhe um certo ar ridículo. Como toda boa paranóica, supervalorizava-se, atribuindo a sí mesma, qualidades ímpares, e notava que possuía poderes paranormais. Ela tentava utilizar-se deles quando, por solicitação dos credores sorumbáticos, mobilizava cães e crianças na chateação dos vizinhos inadimplentes, até que se mudassem.

A maldita era comunista. Mas quando lhe diziam que as propriedades particulares eram as causas das diferenças entre os homens, e que por isso mesmo deveria dividir as suas, recebidas por herança paterna, punha-se logo a tecer eleogios à ética protestante e ao espírito do capitalismo.

Seus desaforos, contra quem não gostava, contaminavam toda a vizinhança, e a catinguenta, ao propalar boatos nas padarias e mercearias da comunidade, julgava que chateava mais que os carrapatos estrela, vetores terríveis da febre maculosa mortal.

Na saleta onde buscava alívio para as dores corpóreas, mantinha um "consolo de viúva", negro enorme, que introduzia no reto quando se sentia assim, como direi, vazia e carecente de substratos.

Compartilhava as mesmas idéias que o doutor Trama e gostava de colecionar imóveis. Para adquiri-los usava um estratagema inusitado: provocava incêndios nas habitações colimadas e por meios furtivos incentivava as depredações. A desvalorização das propriedades habilitava-a a ofertar preços baixos, com os quais, quase sempre as adquiria.

O tempora! o mores!
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