Usina de Letras
Usina de Letras
146 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62214 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10356)

Erótico (13569)

Frases (50607)

Humor (20029)

Infantil (5429)

Infanto Juvenil (4764)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140799)

Redação (3303)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6185)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->O Estranho -- 03/08/2004 - 05:31 (Juraci de Oliveira Chaves) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Foi numa tarde de verão. O vento soprava leve e quente.
Karol numa fugida rápida, caminhava em direção ao rio. A areia em brasa, mexia com o solado dos seus pés obrigando-a realizar movimentos rápidos e saltitantes. Sempre que podia, refugiava-se num rochedo, quase no meio do rio.
Estava solitário o local, como gostava. Sentou-se sobre a rocha. Mirou o horizonte e fixou naquele barrado avermelhado em arremate harmonioso com o azul da água. Tinha à sua frente, o mundo. Os olhos pretos semicerrados buscavam por completo aquele espetáculo matizado.
Ali permaneceu por um longo tempo, imersa em seus pensamentos, vez por outra, levando susto sob o toque de piabas a burilar seus pés. Alguns ramos com folhas já amareladas desciam sem luta contra a correnteza.
Karol deslizou-se, ainda vestida com seu vestido de voal, sobre as rochas, escorregou-se até os pedregulhos e fez com a água, cascatas deslizantes, entre os dedos. A curva do corpo sob a roupa molhada, à mostra, não era preocupante: ninguém por perto. Enquanto brincava, imaginava o percurso longo que fizera aquela água até ali chegar e o quanto ainda faltava percorrer.
Assim permaneceu um longo tempo distraída, esquecida da realidade, fazendo versos aleatórios, quando percebeu alguém se aproximando:
"Pronto, não estou mais sozinha. Já vem atrapalhar o meu sossego" – pensou Karol.
O estranho sentou-se a seu lado, sem pedir licença mas, silencioso, ficou a observar seu próprio rosto, preso às mãos, refletido na água clara. Parecia ilhado em seus problemas.
Ficaram longos minutos, ignorando a presença do outro.
"Deve ser turista, nunca o vi por aqui. Vou embora antes que me arrependa."
Apanhou o chapéu e ao colocá-lo na cabeça, sentiu seu pulso ser algemado por dedos fortes e firmes. O olhar masculino daquele estranho, engolia o seu corpo provocador.
- Fique! Não tenha medo. Preciso de companhia.
Karol contemplou aqueles olhos que pareciam devorá-la viva.
- Quem é você?
- Eu? – disse ele.
- Você! O que está fazendo aqui?
- Moro na fazenda, do outro lado, ali pertinho. Venho sempre aqui. Faz tempo que pretendo aproximar-me de você e só hoje tomei coragem.
- Mas aqui é o meu recanto. Pode ser egoísmo, mas, só meu. Entendeu?
Rodrigo ficou embaraçado, pois ela sentia-se mesmo dona do lugar. Muitas vezes, viu aquela sereia sobre a pedreira a enamorar a natureza. Calmo falou quase sussurrando:
- E meu também. Gosto muito deste lugar. Conhece aquela pedreira ali? Tem uma bela gruta debaixo daquela cascata. Vamos lá?
- Não. Tenho medo.
- De mim?
- Não. Das pedras escorregadias, - desculpou-se a moça.
Os dois ficaram ali por muito tempo. As vezes mudos, com olhares furtivos. Rodrigo sem pestanejar perguntou:
- Posso lhe dar um beijo?
- Beijo? E por que eu iria beijar um estranho? Acho melhor ter mais respeito com as pessoas e deixar de ser atrevido.
Apressadamente, Karol levantou-se para retirar quando ouviu o rapaz dizer:
- Calma! Um beijo sim. Um beijo de irmã.
- Irmã!?
- Sim. Somos filhos do mesmo pai.
Karol procurou o solo embaixo dos seus pés e não o encontrou. Desmaiou-se...

Juraci de Oliveira
juraci@interpira.com.br
Pirapora MG
www.jurainverso.kit.net ( Aqui texto ilustrado)
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui