Pássaro que fosse,
não importa a cor,
as plumas,
o trinar cantante,
queria ser agora.
E voaria,
mesmo inda molhado,
ao gotejar constante
da chuva intermitente.
Alçava-me, sereno,
aos páramos celestes
e rumaria,
num planar silente
feito de amor,
de dor,
e de saudades,
para poisar,
inda cansado, insone,
ao parapeito
da janela aberta
do meu amor
que de esperar não cansa.
Trinaria,
cantaria,
e despertaria sorrindo
o meu amor
que sorriria despertando.
E quando a mão -
repleta de ternuras -
chegasse a mim
para afagar-me os cantos,
falar-lhe-ia, baixinho,
em beijos de murmúrio:
amor imenso,
é só a ti que amo!
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