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cronicas-->A bênção, papai -- 23/08/2003 - 11:15 (Santuza Abras) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A BÊNÇÃO, PAPAI!

Cabelo escovinha, muito, muito perfumado com aroma de Alfazema Garrão que se espalhava pela casa, caneta no bolso da camisa xadrez de manga curta e um coração tamanho família, além da imensa paciência e do bom humor quase constante.
Ainda me lembro de você como se o visse hoje, pai.
A vontade grande de agradar a todos era sua maior virtude.
Com você aprendi a graça da bondade, do não enganar ninguém, do não menosprezar, nem maltratar quem quer que fosse, do tratar a todos da mesma forma e de ser uma tagarela de mão cheia cumprimentando e conversando com todo mundo que me apareça pela frente. Eis a semente da amizade. Com você aprendi que o mundo tem que ser uma grande família e que se a gente puder ajudar as pessoas, nunca deve se furtar. E ainda que não consiga deve tentar até a última gota. Eis a semente da solidariedade. Com você, ao driblar o diabetes fazendo regime rígido em casa, mas, comendo pastéis escondido na rua, percebi que a vida é curta e que deve ser vivida com intensidade, senão ela passa e a gente perde o trem da história. Eis a semente da transgressão. Com você aprendi a ser boa cozinheira, pois nos momentos em que eu e minhas irmãs fazíamos alguma comida, por pior que estivesse, você sempre fazia questão de elogiar e validar dizendo: _Quanto deveria custar um prato desses num restaurante? Eis a semente da elevação da auto-estima.
Lembro-me das nossas idas ao Mercado Central para as compras exageradas, (também com treze filhos, não é?) pelas quais sempre ganhava bronca da mamãe. Mas a vizinhança e os parentes gostavam. Todos pegavam uma beiradinha. Como recusar se uma caixa de tomates custava quase o mesmo tanto que cinco quilos? E o que dizer das dúzias de pés de alface que custavam quase o mesmo que três pés? O que dizer das cestas básicas que fazia para os parentes e amigos mais chegados, que, como você mesmo, viviam em dificuldades para dar o que comer à filharada? Eis o segredo do compartilhar. Mas o que mais me agradava no Mercado era a hora de comer os sanduíches de pernil.Esta era a hora mais esperada... Como são gostosos até hoje, pai! E aquela carne de porco com jiló, na chapa? .Hummmm.... Só de me lembrar dá água na boca.
Lembro-me com saudades do seu famoso Cine Serrador, de tão boas memórias, no querido Bairro da Serra. Ah! pai. Quantas coisas aprendi assistindo àqueles filmes, seriados e desenhos animados. Quantos medos e emoções passei. Quantos ingressos dei ao namorado e aos amigos que não
podiam pagar, quando era a bilheteira. Quantas balas e bombons eu, meus irmãos e primos pegamos escondido do armário da tia Lu, que gerenciava os baleiros.
Bons tempos aqueles.

Há 21 anos você se foi. No dia 30 de julho de 1982.
As saudades de você e de mamãe são tantas... Se pudessem ver nossa família hoje... Tantos netos lindos e saudáveis que só vendo. (Ah! Acho que podem ver sim. De algum lugar muito cheio de luz e de paz!)
Mas, sabe, pai?
De todas essas vivências acho que uma delas certamente herdei de você: ter muitos amigos e conhecidos e parar o tempo todo na rua, no Shopping, no mercado, no corredor da Faculdade, no supermercado, enfim, em todos os lugares por onde passo, para conversar com eles.
Penso que todos nós, seus filhos, herdamos uma outra: a solidariedade, o amor aos outros como a nós mesmos, o tirar o agasalho do corpo para agasalhar quem precisa, a disponibilidade em ajudar, a alegria de viver.
Bem querido pai. Agora vou parando por aqui.
Quero lhe desejar um feliz dia dos pais. Você merece porque realmente soube ser um bom pai.
A sua bênção, papai.
Sua filha que o ama,
Santuza.

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