Foi música o que ouvi,
Nascida em mim,
Dos meus sentidos.
Não a música do mundo nervoso em que habito
dos homens rudes meus irmãos,
que excita os nervos e cala o coração,
Foi música-epifania, música-eternidade, música-desfalecimento...
Sabes bem o que digo ainda que nunca o confesse
E proteste total incompreensão.
Antes da música, porém
Invadiu-me uma comoção lírica,
Dionisíaca...
Um surto de palavras a esmo
Enfileiraram-se numa tentativa desesperada de coerência.
Ora, sabes bem dessa loucura,
Apesar do gesto de inconformismo que posso bem adivinhar.
Tua imagem veio primeiro...
Antes das palavras, antes da música...
Vislumbrei-te apagando a paisagem ao redor,
Diluindo a moldura...
Tua imagem, meu sonho...
Vai, caminha nos meus sonhos,
Pisa no meu coração cansado,
Fere meus olhos feridos...
E se não podes ouvir a música que despertas
Ofereço-te agora,
Sem perguntar se queres,
As palavras em mim,
nascidas de ti.
Dante Gatto, Professor da UNEMAT de Tangará da Serra. |