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Cronicas-->Rotina? Graças a Deus! -- 28/08/2003 - 00:22 (Patrícia Köhler) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sete e meia da manhã. Toca o despertador (ou "desperta à dor?"). Nem abro os olhos, apenas levo a mão ao pininho do meu reloginho de cameló e o pressiono pra baixo. Viro prum lado, pro outro, afofo o travesseiro e volto ao sono dos justos, aquele famoso "só mais dez minutos". Oito da manhã. Acordo sobressaltada, como quem desperta de um sonho ruim, mas é apenas a certeza de que os tais dez minutos já se passaram há um bom tempo. Salto da cama à procura dos malditos chinelos e assim sigo, de meias, até a cozinha. Coloco um pouco de leite para esquentar, abro a geladeira atrás de alguma geléia, requeijão, margarina, qualquer coisa que dê ao pão um pouco de sabor. Volto ao meu quarto pisando com as pontas dos pés para não sujar muito as já puídas meias, continuo a procurar meus chinelos em meio à bagunça do meu cantinho. Olho embaixo da cama e encontro um pé das Havaianas e outro do Ryder, ainda bem que são justamente o direito e o esquerdo de cada um, e volto assim mesmo à cozinha. Antes que adentrasse, porém, ouço o maldito barulho do leite derramando sobre o fogão. Droga! Todo dia!
Pego o que restou do leite na leiteira, preparo um café com leite e um pãozinho com manteiga, e volto ao quarto comendo sem nenhuma cerimónia, o pão numa mão e a xícara na outra. Continuo a procurar meus respectivos chinelos, levantando revistas, livros e suplementos literários que guardo para ler num dia qualquer deste século. Meu quarto deve ter mais coisas alheias a ele do que a seção de achados e perdidos do metró de Nova Iorque.
Um dia o arrumo! E o bagunço de novo, claro!
Enquanto procuro - o que era mesmo, meu Deus? - ah, sim, os chinelos, encontro um Mais! com uma reportagem sobre Drummond. Paro pra ler algumas linhas (como não tinha visto isso, meu poeta brasileiro preferido??), mas me lembrando de que o tempo passa implacável, e me fitando através do plástico arranhado do meu despertador de cinco reais.
Largo o suplemento marcando a página, para tentar terminar a leitura naquela semana. Isso foi há mais de mês, e cadê de achar a matéria? Até hoje!
Vou para o micro terminar um trabalho de História da Imprensa. Pego os livros e jornais que preciso, escrevo e reescrevo o mesmo texto várias vezes. Não dá tempo de revisar, vai assim mesmo.
Tomo um banho rápido, visto um jeans e uma regata e quando abro o armário à procura dos tênis, acho o outro pé das Havaianas. O Ryder fica pra outro dia.
Pego meu material, sempre levando mais livros e revistas do que consigo ler no dia ou mesmo na semana. Mas é hábito, como mudar?
Alimento meus gatos, me despeço de cada um e desço meio trópega os degraus, rumo à garagem. Tiro o carro e sigo para a faculdade. Uma hora todo santo dia. Tempo exato de escutar um cd, às vezes cantando junto às melodias, tamborilando os dedos no volante e falando sozinha o caminho todo. Falando sozinha não, falando comigo! Afinal dentro de mim moram muitas pessoas! Muitas opiniões, e preciso dar atenção a todas, mesmo às que ainda não se formaram muito bem.
Chego à classe, cumprimento meus colegas mais chegados e me sento na cadeira de quase sempre. Abro o jornal tentando terminar de ler a matéria sobre a FLIP (Festa Literária Internacional de Parati), mas o professor irrompe na sala e interrompo a leitura. Mais uma vez marco a página para concluir a leitura sabe-se lá quando. Ainda não o fiz, mas acompanhei por outros jornais e até pela TV como se deu quase todo o efervescente encontro lá em Parati.
Fim das aulas. Volto à minha Pasárgada e às fanfarrices com meus gatos. Largo mais revistas e suplementos literários no quarto, vou para o micro fazer mais trabalhos, ouço os despautérios proferidos pelo casal Jornal Nacional - é tanto absurdo, quanta roubalheira, não me conformo! - e passo boas horas ali, inerte, exercitando os dedos e mais ainda o cérebro.
Bom que antes de ir dormir tem o Jó para me fazer rir um pouco. Nem sempre ele consegue isso, mas ainda assim, é uma mente que consegue nos entreter e ao mesmo tempo nos aculturar, quando o entrevistado colabora pra isso, claro.
Quando meus olhos já estão semicerrados, vou para a cama. E no dia seguinte a estória se repete. Dia após dia, salvo fins de semana, que costumam ser mais agitados e animados.
Mas não reclamo. Reclamar da rotina, disse famosa atriz e poetisa, dá azar.
Então tento extrair o melhor da minha rotina, sempre. Para escrever depois.
Tá vendo, até você leu estas palavras, que apenas retrataram um dia comum da minha vida.
É isso que me deixa feliz, saber que consigo prender um pouco a atenção de alguns mesmo discorrendo sobre banalidades. Quer coisa melhor pra um futuro jornalista?
Obrigada por ter me lido, e juro que escreverei coisas bem mais importantes!

Patrícia Köhler






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