Jeitin brazilêro, trapaças e malandragi
Por Airam Ribeiro 25/10/2008
-Cumpadi o qui é barganha?
Pois oví nos meu zuvido
Du’as ta de artimanha
Qui tava fazeno os partido
Para uma lei aprová
Lá no congréço nacioná
Cauzano mutio larido!
-Meu cumpadi ispera
Qui vô já te respondê!
Elis lá ingana os cabôco
Qui ta ca imbáxo a sofrê
As barganha cumpaêro
É um jeitin brazilêro
Pra inganá eu e ocê.
É mais o meno ancim:
Num banco tem um gerenti
Qui ta tendeno um pobrizin
Mais oia qui de repente
Apareci um fazendêro
Qui tem bastante diêro
De mutios milhões o criente!
Tonci larga lá o pobrizin
Qui num pede nem licença
Vai cortejá o rico xegado
Alegre e de boa presença
Leva ele pru’a grande sala
De mutios impréstin ele fala
Inté li xama de excelença.
Se xega um ingravatado
Logo o gerente fica oiano
O de apracata avaiana
Fica impé só isperano
Pro rico sai inté cafezin
E na fila o pobri bem quetin
Fica oras sem ela ir andano.
Tirô ele do rabo da fila
Dirrespeitiano os dimais
Bota ele na sala da frente
Sem da bola pos qui tão atráis
Nu’a farta de inducação
Só pruque aquele cidadão
Tem umas divisa a mais.
Isso meu bom cumpadi
É o famozu jeitin brazilêro!
Ta in todas as repartição
Vale pra quem tem fama e diêro
As vêiz um honesto senhô
Um sofrido trabaiadô
Perde pros aduladêro.
As lei é feitia lá inrriba
Pra ela cê zecutada
Mais esse jeitim brazilêro
Faiz cum que ela seja burlada
É o mermo qui currupição
Elis favureci o cidadão
Qui mostra o diêro na entrada..
-Aqui na róça xegô um ômi
Dizeno cê um fiscá
Izigino o meu cartão
E a senha pra ele oiá
Despois de tudo qui ele oiô
Pegô uns papé e anotô
Qui era pra o diêro omentá.
Mês siguinti fui no banco
Óia só o meu dizispêro
Quando um guarda min falô
Já pegáro o seu diêro!
Min sintí um grandi atário
Caí no conto do vigário
Por um fiscá trapacêro.
Mais isso são consequença
Qui já vem bem de tempão
Tem pai qui da presente
Pro fio passá nos provão
Pro fio mais novo num xorá
A mãe logo qué li inganá
Botano biscoito na sua mão.
Esse jeitin brazilêro
Qui nois vemo dento do lar
É um tipo de currupição
Qui nas idéia dos novo vai formá
Antonci o minino vai cresceno
E éças fracartua vai veno
Quando cresce, é só zecutá.
Este é o país das malandragi
Carnavá, heróis e firiado
O calendáro mermo insina
O brazilêro cê forgado
Tem inté arguns prefessô
Qui óia ele sim sinhô!
Pra forgá no dia marcado.
Tem aluno priguçozo
Qui o calendáro vévi a oiá
Só para vê quantas forgá
Tem pra eles namorá
Esse é o jeitin brazilêro
Qui o aluno trambiquêro
Arranja pra num istudá.
As muié bota travicêro
Pra dizê qui ta gravidada
Tanta gente uza muleta
Pra cê atendido na entrada
Tanto ismolé qui uza firida
Uzano u’a carne perdida
Pra ismolá nas carçada.
Se éça burocracia
Do país num fô banida
Inquanto nas istrada
Num cabá cum as bibida
Haverá sempri um jeitin
Pois pro brazilêro é ancim
Nun tem cauza perdida.
Mais pobri é sempre pobri
Pra ele num tem jeitin
Se ele quizé tê vêiz no banco
Faiz de pau o seu banquin
O seu gerente mermo é ele
Põe a bunda inrriba dele
E vai depozitá seu cocôzin.
Inquanto os brazilêro
Num querê sabê votá
Inquanto ele num iscuiê
Um onesto pra guverná
Inquanto um corruto
O inleitô foi cunfirmá
Vai tê sempre as currupição
E os jeitin pra comandá.
Fiz para os alunos de Administração e Marketing da Faculdade Faesa
