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Cartas-->CHARUTOS, CAFÉ E MÚSICA DE CÂMARA -- 04/05/2003 - 19:21 (denison_obras selecionadas) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Cachimbo, Charuto, Café, Hortelã e Música de Câmara

Nada como desfrutar ao mesmo tempo de duas ou três coisas que se combinem perfeitamente. Sabemos que o apreciador de cachimbo e charutos sempre buscou a combinação perfeita entre tipos de fumos, bebida e música. Li muito na Internet sobre bebidas alcoólicas diversas que combinam com tal ou tal fumo específico, mas sempre achei que os padrões de combinação eram tão variados quanto os fumos.
No último domingo, 4 de maio, numa tarde chuvosa e deliciosamente fria, descobri que o café com hortelã combina perfeitamente com o cachimbo. A combinação ficou tão perfeita que eu arriscaria até mesmo afirmar que o café é a bebida universal que combina com qualquer fumo; fórmula que os adeptos do cigarro já conhecem e adotam sem cerimônia.
Outro fator que constatei é a música; a música de câmara, principalmente quando envolve instrumentos de sopro, como clarineta, oboé ou flauta, oferece timbres diferenciados que combinam com a leveza dos sabores tabagísticos. Não acredito que seja adequado ouvir uma música pesada; Berlioz não combina com charutos.
A música de câmara é a mais adequada, pois apresenta um clima mais introspectivo e meditativo do que uma sinfonia, por exemplo. Para desfrutar de um momento de raro prazer, como naquela fria tarde de domingo, depois de saborear um fillet à parmeggiana, com um cálice de vinho tinto seco e a sobremesa, esquentei uma xícara de café com hortelã no microondas, acendi o cachimbo...enquanto ouvia o Quinteto para cordas e clarineta de Mozart e o Octeto para cordas e instrumentos de sopro op. 166 de Schubert. Nada mais perfeito! O som rasgante dos instrumentos de cordas é apoiado com ternura pelo som aveludado dos instrumentos de sopro e esta contradição benigna favorece uma textura híbrida perfeita que combina com o gosto específico das ervas. Uma visão poética poderia ver uma certa ligação da natureza entre as folhas do fumo, as sementes do café e a madeira da qual os instrumentos de sopro são construídos.
A verdade em tudo isso é que o hábito de fumar cachimbo ou charuto e buscar uma bebida que combine com o fumo utilizado não é coisa que se faça da noite para o dia. É preciso hábito, criatividade, perseverança e sensibilidade. Lembro dos dias em que queimava a língua ao fumar cachimbo ou quando misturava os fumos de forma errada. Lembro o quanto era difícil até mesmo acender corretamente o charuto ou mantê-lo acesso.
Lembro o tempo em que bebia cerveja enquanto fumava charutos. Com o tempo e a prática, aprendi a conviver com o tabaco, a apreciar um charuto de forma correta, a ouvir a música delicada correta para este momento e apreciar a bebida mais adequada.
Cada momento de prazer, para quem tem bom gosto, depende da combinação adequada dos elementos que o compõem. Evidente que o volume do som ( nunca ouço música de câmara com volume alto ), a acústica do ambiente, os móveis, a iluminação, o silêncio, a disposição do ouvinte e o estado de contemplação são fatores de relevância intrínseca que favorecem ou não o momento sagrado de fumar e ouvir música, mas é preciso, além desses fatores básicos, estabelecer um padrão pessoal para o melhor aproveitamento do instante. Quanto a questão do volume, lembro tristemente de um amigo, músico da Orquestra Sinfônica da Bahia, que ouvia Tchaikovski num trio elétrico dentro de casa. Isso me faz lembrar daqueles caras que pedem a cerveja ESTUPIDAMENTE gelada. Será possível saborear algo estupidamente gelado ou à alturas?
Eu estabeleci o meu padrão: Cachimbo ou charuto, com café e uma folha de hortelã, além de uma boa música de câmara com o volume baixo.

Texto: Denison Borges– maio / 2003
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