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Contos-->A FERRADURA -- 31/08/2004 - 10:20 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
COMEÇAR DE NOVO
(Marisa Gata Mansa)
Começar de novo/ e contar comigo/ vai valer a pena/ ter amanhecido/ ter me revelado/ ter me debatido/ ter me machucado/ ter sobrevivido/ ter virado a mesa/ ter me conhecido/ ter virado o barco/ ter me socorrido/ começar de novo/ e contar comigo/ vai valer a pena/ ter amanhecido/ sem as tuas garras/ sempre tão seguras/ sem o teu fantasma/ sem tua moldura/ sem tuas escoras/ sem o teu domínio/ sem tuas esporas/ sem o teu fascínio/ começar de novo/ e só contar comigo/ vai valer a pena ter amanhecido/ sem as tuas garras/ sempre tão seguras/ sem o teu fantasma/ sem tua moldura/ sem tuas escoras/ sem o teu domínio/ sem tuas esporas/ sem o teu fascínio/ começar de novo e contar comigo/ vai valer a pena já ter te esquecido./ começar de novo...



Chuma, no sábado pela manhã, na praça central de Tupinambica das Linhas, aproximou-se da turminha, que entretida, conversava descontraída, sob a marquise do banco da Colônia. Mal aportou, disse categórico: "Vocês viram a vingança do numerólogo?" Todos cessaram de falar e olharam para ele, que continuou: "Se ele não pode me matar, o que de mais terrível poderia fazer, além duma eterna sugestão de suicídio?" Allan Bança inquiriu: "O quê cê tá falando aí, ô perturbado?" Chuma, engatou a segunda e mandou: "É aquele retardado lá do clube, o Paul Rabitto, - ele tomou tanto eletrochoque na cabeça, durante as três internações no doutor Eiras-, que ficou assim, sem outra alternativa, do que a de desejar, a todo mundo, não pensante igual a ele, que morra por suicídio". A explicação confundiu ainda mais a platéia embasbacada.
Então o Chuma se aproximou, assoprou o banco onde se sentaria e continuou: "É o seguinte: eu pedi minha inscrição como sócio do clube Sargento Barbosa. Ele, o Rabitto, disse consegui-la desde que eu pagasse todas as taxas pedidas. Tudo bem; concordei. Mesmo porque não haveria motivos pra ser diferente de qualquer outro mortal. Acontece que ele, com aquela mania de numerologia, arrumou na minha carteira, uns números feios pra caramba. Os numerais lembram só coisas ruins. São fatos nefastos tanto da história mundial, como da vida política e esportiva nacionais, ocorridas num tempo muito brabo".
Van Grogue sacou do bolso, seu maço de cigarros LM e, escolhendo um, bateu com o filtro na unha, do polegar da mão esquerda; então perguntou: "Mas que mané números são esses, ô Chuma; e por quê ele haveria de desejar tanto mal pra você?"
Chuma sentou-se na borda do banco e colocando as mãos nos joelhos respondeu: "Acontece que andei falando umas coisas por aí, e ele não gostou. Como ele pertence à diretoria, da seita maligna do pavão-louco, (que eu sei!), não achou outra forma, pra me encher o saco, do que essa, dos lembretes das coisas ruins".
Clique Douglas, (aquele que retirava placas de memória do computador das pessoas, impossibilitadas pela ingenuidade, de saber serem elas vítimas do furto), falou: "Acho que você está variando, ô Chuma! Será que não é por causa daquelas cervejas com tampinhas enferrujadas, que você tanto gosta?" Chuma ficou mais nervoso ainda e exalou: "Nada disso! É sacanagem mesmo. Quando eles não podem com alguém, fazem isso. É praga de invejoso, de gente que se sente ofendida; ódio puro!"
Mingo que se abstivera de falar até aquele momento perorou: "O Chuma está certo. A sociedade Tupinambiquence é neurótica, na medida em que obsta o crescimento da personalidade dos seus habitantes. Essa destrutividade é um produto da vida não vivida. A ânsia de poder não se origina na força, mas na fraqueza. Ela é a expressão da incapacidade do eu individual para ficar sozinho e viver. Essa turma da seita maligna, geralmente é bem ajustada, por ter renunciado ao seu próprio ego, e tornar-se a pessoa que a seita deseja que ela seja. Com isso talvez tenham perdido toda espontaneidade e individualidade genuínas".
Brux O. Lee, com a cara cheia de terebintina, foi logo falando: "Ocêis não sabem nada. Fiquem quietos! Que mané suicídio, coisa nenhuma! Quem tem Jesus, ama a Deus sobre todas as coisas e, ao próximo, como a si mesmo, não haverá de temer praga de urubu, que sempre cai no próprio.
Foi a afirmação mais sensata dita naquele momento, quando então, resolveram unânimes, tomar café lá no Fina Flor, esquecendo aquelas coisas das gentes loucas, frustradas e enrustidas.


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