O Natal se aproxima renovando os sentimentos cristãos que nos envolve e contagia. Traduz a bondade, a fraternidade e o amor latente que ainda perdura na maioria dos seres humanos, apesar da crueza e da destemperança que a vida hodierna insiste manter aparente.
Esquecemos a prática religiosa assim como a convivência comunitária, isolando-nos num mundo exclusivo, tornando-nos solitários e alheios à solidariedade e à fraternidade. Mas no fundo continuamos carentes e ávidos do amor e da afeição que revitaliza nosso frágil ego.
Não mudam os sentimentos mais íntimos como não mudam as decepções e as frustrações que nos abalam e compungem. Se o espírito cristão natalino ressurge nessa época, também aflora nossa inconformidade com a evolução da miséria que a indiferença ou a improbidade governamental se esmera incrementar.
Neste Natal continuarão as campanhas solidárias de combate à fome, que o governo transferiu para a sociedade a fim de combater os efeitos resultantes das causas por ele criadas e mantidas.
Vamos nos enlevar com os corais cantando canções tradicionais, à luz de velas, nas noites que antecedem o dia da cristandade. Vamos rever uma pleiade de jovens com seus gorrinhos vermelho e branco e guirlandas tilintando e vamos sentir as mesmas emoções dos anos anteriores. Mas será difícil dissociar essa emotividade com a crueza da miséria e da humilhação em que vive a maioria absoluta de nossos semelhantes. Que Papai Noél opere o milagre da multiplicação dos pães, é o nosso maior desejo.