Adoro roça! O cheirinho da terra molhada... O canto dos passarinhos... O barulho nostálgico das carroças puxadas pelos bois... Os meninos descalços, barrigudos e felizes, nadando no riacho lamacento. É tudo mágico!
Minha cidade é pequena. Conheço quase todo mundo. As ruas são calçadas. Os postes iluminam os namorados. Os verdes se amontoam aqui e ali. A polícia não se ocupa apenas com brigas de casais e roubos de passarinhos. Aqui não é uma roça... Que pena!
Pensando nas imagens que passam nos programas de tv, caminho solitariamente pela rua principal da minha cidade. Vejo lojas. Vejo estudantes. Vejo uns carros estacionados e outros em movimento. Vejo montes de bosta nas calçadas... O que? Bosta? É! Bosta! Cocó! Fezes! Estrume! Um monte! E não são de gente...
Arregalo os olhos e tento entender... Se não estou na roça, de onde terá vindo aquela massa esquisita? De cachorro não é... De gato também não... Coitado deles... Não aguentariam fazer aquilo! De gente, então... Não dá nem pra pensar! Cavalos? Não parece... Mistério!
Ando mais um pouco, pensando em indagar a alguma autoridade... Mas não preciso. Encontro a resposta para minha dúvida cruel. Vejo vacas e bois caminhando logo em frente. Muitos!
Disputam espaço com os carros nas ruas e os pedestres nas calçadas. Comendo as poucas gramas nas beiradas dos passeios, caminham por onde acham que devem ir. Coitadinhos... E aquele monte de bosta? São adubos, gente! São adubos! Adubos naturais!
Penso se eles têm dono... E se eu levar eles pra mim? Levar um bichinho perdido para casa dá cadeia? Unzinho só! Melhor deixar prá lá. Tenho que trabalhar e não daria conta de catar o cocó que eles fariam no meu quintal.
Pastem vaquinhas e boizinhos! Pastem os capinzinhos que encontrarem. Deixem nas calçadas da minha cidade o tanto de bosta que quiserem deixar... Eu desvio. Afinal, eu gosto mesmo de roça... Que legal! Tem cocó de vaca na minha cidade! Como sou feliz por isso!
