A CARTA
Esta carta
quis fazer um poema,
fluindo sonhos...
Mas o que lhe envio
é o carregar das pedras
imerso na cor do meu mar...
Pois,
aprisionado o corpo,
minha alma se ergue
do teu calabouço,
constrói a minha nau
das cores do teu mar,
enche-a de alegrias
e coloca para arribar.
No seu mastro, tremula,
a bandeira da alforria.
Essa nau,
vai singrando
sem rota, sem destino...
De dia tem
um sol minguado.
De noite tem
estrelas capituladas
e luas adernadas...
Se ao tempo alcances
e aos teus olhos a paisagem,
for dos destinos e luas vãs,
me lanço na outra margem...
Amada,
a felicidade não ondeia em mim,
o bater das tuas asas não me pertence...
Das chuvas, das ventanias e dos trovões,
singro esses mares na calmaria.
Mesmo em ti e na claridade da paixão,
essa luz se apaga quando chega ao coração.
Nhca
set/00
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