Está muito inchado ainda e dolorido.
Repousa num banquinho, bem comportado...
Mas, a dor que ainda sinto, agravada pelo frio,
é suavemente amenizada pelas tuas palavras, amigo, que comigo te importaste e a Deus, seja ele qual for, fizeste a tua mentalização em meu favor...
Deleitam-me e confortam-me tuas palavras tão sinceras.
Poesia?
Ah... Amigo lindo...
Há gente que ainda tem de aprender tanto sobre essa MUSA (a poesia), às vezes, ardente; outras, louca, desvairada e sensual...
A poesia não é feita para algum "ser especial”...
Especial é o seu conteúdo que jamais se presta a ser interpretado ou compreendido... Pois, "transcende"... Está aquém e além, sempre dinamizada pelo que tem de mais característico: ser "egoísta em si mesma”...
Que me importa
se há uma estrela
que brilha no céu?
Se for em mim que a sua luz
aquece e revigora?
Que me importa
se a flor já se despetalou?
Se o seu perfume permanece
envolvendo-me
em ilusões de outrora?
Que me importa
se há poeira ao meu redor?
Se em meu íntimo
tenho a limpidez diáfana
que me inebria a alma?
Não penses, então,
amigo meu,
que a minha poesia é destinada
a ti ou a alguém... Pois não é...
A poesia está em mim,
Impregnada... Viva!
Pode espalhar-se... Ser lida...
Mas ela sempre... E sempre...
Voltará ao “ponto de partida”.
Milene Arder
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“Uma coisa é escrever como poeta, outra como historiador; o Poeta pode contar ou cantar coisas não como foram, mas como deveriam ter sido, enquanto o historiador deve relatá-las não como deveriam ter sido, mas como foram, sem acrescentar ou subtrair da verdade o que quer que seja.”
Miguel de Cervantes (escritor espanhol)
“Eu já escrevi um conto azul, vários até. Mas este é um conto de todas as cores. Porque era uma vez um menino azul, uma menina verde, um negrinho dourado e um cachorro com todos os tons e entre-tons do arco-íris. Até que apareceu uma comissão de Doutores – os quais, por mais que esfregassem os nossos quatro amigos, viram que não adiantava. E perguntaram se aquilo era de nascença ou se... – Mas nós não nascemos – interrompeu o cachorro – Nós fomos inventados!”
Mário Quintana (escritor gaúcho contemporâneo)
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Por isso, caro amigo leitor... Não me pergunte o “destinatário de minha poesia”... Ele não existe, pois a poesia habita o “inabitável”.
Grata às manifestações de carinho que me inspiraram o escrito acima.
Sempre amiga
Milene
PS. Nem sempre escrevo aquilo que realmente quero.
Mas gosto sempre daquilo que escrevo.