Pablo, te escrevo
às imagens de minha lembrança,
à mutez de minha palavra.
Uma árvore lamentosa
alimenta
as páginas dos livros.
Tanto já folheei sua tristeza.
Nunca, porém, sob teu escrito!
Tua Sílaba a reergue:
A natureza triste enobrece-se ao teu canto.
Morreram para nascer em ti.
De seu tronco, veio tua solidez,
De seu grito de queda, teu brado justo,
De sua seiva, veia de vosso sangue, escreveu-se tua rima.
Abre-se um título.
Transborda a sílaba.
Teu rio inigualável
anuncia em teu ritmo manso
a Humanidade dos homens.
Elevas sonhos, fundes estrelas,
Batizas os nomes a uma só língua.
Estás em meu silêncio,
inaugurando-me soldado de batalhas impensadas,
prisioneiro de penas honestas.
Tua poesia, uma cela de valores
que liberta do resto do mundo.
Calado comemorarei os cem anos de teu vir a nascer.
Meu aquietar é teu.
Escolhe meus pensamentos
e neles trafega teu passo:
de minhas fantasias faze a tua,
das lembranças colhe as que te aprazem.
Embora pequeno,
por isso mesmo,
meu sonhar é alto.
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