Usina de Letras
Usina de Letras
51 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62247 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22538)

Discursos (3239)

Ensaios - (10372)

Erótico (13571)

Frases (50643)

Humor (20033)

Infantil (5442)

Infanto Juvenil (4770)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140812)

Redação (3308)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6199)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->O ANEL -- 28/09/2004 - 10:39 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Capítulo 1


Tuto Moleira, naquela tarde de domingo tinha acabado de sair da sessão vespertina do cinema em que vira, todo empolgado El Cid. Moleira, agoniado pelo calor, tentava agora desabotoar a gola da camisa. Soltou os dois primeiros botões e soprou o peito buscando alívio.
A cena em que El Cid é flechado e morre, comoveu-o sobremaneira. Quando o pessoal, por ele liderado, coloca-o já morto, na sela do cavalo branco, soltando-os pela praia, pra assustar o inimigo, comove o público, Moleira ensaia um princípio de aplauso e considera que foi jogada de mestres.
Moleira achava, não sabia porque, mas achava que deveriam inserir um dromedário na cena. Talvez a figura dum camelo velho pudesse dar novo enfoque às imagens, ebulindo outras sensações.
Durante a caminhada, de volta pra casa, Tuto avistou o Chuma ao longe, e como sabia ser a figura mais chata do que casamento de filho de político lalau, nos arrabaldes de cidade interiorana, atravessou a rua.
Quando cruzou com o elemento, ergueu estrategicamente a cabeça, fingindo mirar um ponto vago lá no céu.
Mas o Chuma é o Chuma, minha amiga. Ele viu o Tuto e compreendeu aquela tática pobre de despistamento. Para provocar, reforçando ainda mais, sua fama de maçante, transpôs a rua, chamando em altos brados, o nome do professor Moleira.
Igual ao cachorrinho intimidado que diante duma ventania atordoante, procura colocar entre as pernas, o coto do rabinho, Moleira se encolheu todo. Achou que se deixasse o arrazoador falar sem oposição, logo se cansaria, deixando-o em paz.
Mas, ô pai que carão! O prazer de ruminar, as cenas fresquinhas do filme recém-impresso na cachola, se transformou em horror, causado pelo alarido retumbante daquele chato de galochas.
Será que esse tal de Chuma desejava chamar a atenção da vizinhança, naquele final de tarde, quando estava quase na hora de começar o programa da Jovem Guarda, por sadismo puro, ou seria a surdez, a verdadeira causa de tamanho remoinho verbal?
Como se expelisse uma lufada de fumaça pela bocarra arreganhada, Chuma exteriorizou: "Moleira!" O eco vibrou os tímpanos da galera silente, contida defronte os televisores. Os cães ladraram e foi pro espaço, por deserção, o desejo do pobre Moleira. em passar despercebido
"Veja como sou um homem de sorte. Achei um anel de ouro puro, ali no chão. Não sei quem é o dono. Aliás, qualquer um pode se apresentar, e dizer ser o proprietário. Na dúvida, não o entregarei pra ninguém". A voz forte do Chuma, tinha o vigor dos quarenta.
Naquele momento, Moleira imaginou ser aquela chatice toda do Chuma, causada pelo desconhecimento das técnicas específicas convertedoras dos maus humores do dia-a-dia, em outra coisa que não a atormentação do próximo. Ou seja, o Chuma minha amiga, era chato porque era burro. Não sabia nada.
O infeliz não conhecia, por exemplo, como transformar ódio e inveja, nele corriqueiros, em sons sertanejos.
E tome conversa: "Em outra ocasião achei, (vá vendo, como sou dado à sorte), um anel, também de ouro. Mas havia uma pedrinha de rubi incrustada nele. Estava caído dentro dum tanque de lavar roupas lá no apartamento da mãe da aniversariante.
Quando coloquei a bijuteria em cima da mesa da sala, uma espalhafatosa, nervosa ao procurá-lo, soltou sem querer, um pum sonoro. Depois que as comadres todas cessaram a conversa e frias, olharam pra moçoila, ela apanhou o ornato, apontou para mim e disse: foi ele. Daquele dia em diante ganhei a injusta má fama de apropriador".

Capítulo II

Moleira desvencilhou-se do adversário e com uma desculpa qualquer se despediu. Saiu andando e pode ver, de longe, quando o chato chutou um pacote. Cheio de curiosidade, Tuto parou.
Disfarçando ao máximo, pra não ser notado pela tiririca, pode observar que o Chuma ergueu do solo aquilo que parecia ser um malote.
O abobamento do Moleira foi total. Ele viu perfeitamente quando o chatíssimo abriu o embrulho e dele caíram dezenas de pacotes de células de cem reais. Aquilo tudo era dinheiro! "Parece que tem um milhão de reais aqui, mano!" anunciava, às paredes, o eufórico Chuma.
Um pensamento passou rápido pela cabeça do Tuto: se o atordoante era insuportável, nesse estado de miséria plena, imagine o que seria dos seus desafetos, se consolidasse incontestável, a fortuna que lhe pintava agora.






Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui