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Cronicas-->Eterna metamorfose -- 11/09/2003 - 00:06 (Patrícia Köhler) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Não seria incrível se não precisássemos mudar de opinião? Se, uma vez formulada alguma convicção, ela simplesmente se concretizasse irrefutavelmente dentro de nós? Claro que não seria bom, mas talvez nos poupasse muitos embates internos.
Eu vivo me contestando, o tempo todo, todos os dias. Se contestasse os outros tanto quanto faço comigo, talvez não tivesse mais amigos. Porque a luta que travo comigo mesma é insana, ingrata. Nunca me permito achar que já tenho uma opinião realmente formada sobre alguma coisa, desde se a cerveja Bohemia é realmente superior à maioria das suas primas, até se a Reforma da Previdência será boa para o país um dia.
Já fui a favor da pena de morte quando envolvesse crimes hediondos, anos atrás. Depois mudei de idéia e achei que realmente aqui no nosso país, cheio de leis falhas, definitivamente não daria certo. E hoje não tenho uma opinião 100% formada sobre este assunto, infelizmente. Sim, gostaria de poder falar: "não, não sou favorável à pena de morte, por tais e tais motivos". Ou "sim, sou a favor da pena de morte, por isto, isto e isto". Mas claro que com argumentos convincentes e providos de conhecimento necessário para sustentar uma discussão com o maior jurista do país ou com o Ghandi, se vivo fosse. Mas não, não tenho. Minhas opiniões são formadas a partir de sentimentos, revolta, não seriam passíveis de uma avaliação isenta e ao mesmo tempo, séria .
Já tive uma certa ressalva às mulheres que parem filhos a cada nove meses, durante anos a fio. Ficava com bronca ao vê-las pedindo esmolas com seis, sete filhos, ou então expostas em programas sensacionalistas na TV. Chegava ao absurdo de pensar que talvez merecessem aquela vida dura, pois contribuíam muito para que esta se instalasse. Hoje ainda penso que elas realmente contribuem para esta situação, ao parir suas proles. Mas graças aos deuses, não penso mais que sejam merecedoras de nada de ruim que lhes atravesse o caminho.
Alfabetizando algumas destas mulheres, percebi o quão estreitos eram seus universos! Não vêem sentido em nada, e fazem sexo como animais, a verdade é essa. E alguém aí já viu algum cavalo ou coelho parar as preliminares para procurar preservativo?
Com elas acontece a mesma coisa, seus QIs pouco se superam ao das coelhas, e fazem sexo muitas vezes de forma automática e apenas para satisfazer seus parceiros. E depois de nove meses, temos mais uma criança carente à mercê do Fome Zero.
Num processo de alfabetizar uma pessoa assim, muitas revoluções internas acontecem, com professor e aluno. É uma via de mão dupla, e é difícil saber quem aprende mais a cada aula.
E dá-lhe mais opiniões e certezas se esvaírem dentro de mim.
A única e certeira certeza que tenho é a de que amanhã acordadei com mais coisas para pensar, para contestar. Que farei novas leituras, verei algum filme, conhecerei algum estranho, assistirei àlguma boa - ou ruim? -palestra na faculdade, conversarei com colegas de classe, e em todas estas situações, novos paradigmas se farão possíveis e daí para um infinito de conclusões é um pulo.
Revolver idéias e opiniões é tão necessário quanto tê-las.
Agradeço muito por ter esta personalidade, mesmo que acarrete algumas crises existenciais. Mas é isto o que me permite escrever, sonhar, lutar por ideais, ter fé. Sem esta eterna contestação, eu não seria nada do que sou.

Patrícia Köhler











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