Cheguei em minha casa e encontrei seus pedacinhos por aqui. Uma escova de dente corria sem parar atrás de mim. Acho mesmo que ela desejou-se em meus lábios. Tropecei em poemas melosos que ressuscitam virgens pálidas, até geladas, com rostos rosados por causa do frio. No rádio, um som estranho: a mesma parte da música cantada 23 vezes. When I m sad, she comes to me. With a thousand smiles,she gives to me free. It s alright, she says, it s all right. Encontrei um choro contido de aniversário, um berço, um rosário? Vi o amigo que é melhor que o outro e vem mais íntimo que a amiga. Sorri para o filme Fora de Casa, uma comedia ridícula com Tom Green que me deu raiva só em assistir. E vejo, por todo lugar que vou a placa que diz: Não tenho medo de você.
Às vezes penso que não vai dar certo deixar tantos pedacinhos seus jogados aqui. Eles não formam um castelo de cartas nem procuram a melhor definição de amor vista em um filme. Em outras vezes sinto que meu telefone nem toca e do outro lado ninguém está de mal humor e pedindo desculpas.
Eu, criança como sou, ainda não fiz meu auto-retrato e muito menos sei escrever. Então, chego em casa na Terça feira, 7 da manhã e só encontro vestígios. E minha timidez, que não é pouca, diz para eu não aprender a jogar truco nem saber se gosto de Economia ou Filosofia. Vai ver da próxima vez que te encontrar em minha casa, devo apenas rir descontroladamente porque como você bem sabe essa é a melhor forma de purificar a alma.
09-05-03
18:55
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