Eu não consigo te imortalizar, você some.; desaparece e me deixa aqui sozinho, e vai embora e volta, e me tortura ficar lembrando que você se foi, depois que eu entreguei a você meu tudo. Essa sensação de abandono e de renuncia que eu sinto, a sua recusa em continuar a cuidar do meu amor, essa rejeição que doe tão forte e machuca meus sentimentos, me faz fraco demais para perceber que tudo isso não é da forma triste, como eu vejo.
Não é pelo que eu sinto, mas tenho que saber que foi pelo que aconteceu, e você não deveria ficar contra sua vontade, só porque eu ainda sentia o amor vivo em mim. Às vezes nos deixamos levar pelo egoísmo, e tentamos segurar algo que já se foi, e o desastre que a dor causa é maior do que podemos agüentar.
Então, eu fico voltando ao bairro onde crescemos, pelos pensamentos. Os lugares da nossa infância que se modificaram com o tempo.; as ruas que ganharam asfalto.; as lojas que se fecharam.; as arvores que continuaram e as que foram cortadas. Vicking’s que nos causava tanto medo de passar por lá a noite, ainda sustenta sua violência, mas o mineirinho que te aliviava a sede na Bicotinha, assistiu o nosso amor crescer.
E em comparação com o que houve com a gente, foi mesmo um presente ter feito parte do que você sentia, e por isso, eu fiquei tão dissolvido e sem ter o chão para me apoiar ao caminhar e só pensava na felicidade que ficava para trás. Você que me ensinou a amar e isso é o que eu tenho que continuar a fazer, e desta vez, sem você tenho que recolocar meu sentimento num lugar seguro e onde pode ser visto, sem ter que subir num lugar bem alto, onde todos saberão onde vai estar.
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