Usina de Letras
Usina de Letras
40 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62275 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22539)

Discursos (3239)

Ensaios - (10382)

Erótico (13574)

Frases (50665)

Humor (20039)

Infantil (5454)

Infanto Juvenil (4778)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140817)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6206)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->Lutando com Caracteres -- 14/09/2000 - 13:47 (FAUTH) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Comecei a escrever crônicas sem nenhum limite. Até que bateu a curiosidade sobre o tamanho dos meus escritos em relação aos “medalhões”.  João Ubaldo Ribeiro, Luís Fernando Veríssimo, Rachel de Queiroz, Danuza Leão, Arnaldo Jabor, entre outros. Colei um monte de texto no word e fui contando as palavras. No fim tirei, é claro, minhas conclusões.

Lia os textos e pensava: Ubaldo escreve demais. A impressão que tenho é de que, se o cara não fosse bom, ia encher. E nem sempre se está muito inspirado... Daí que, quando Ubaldo está naqueles dias (os de pouca inspiração – a meu ver, é lógico), sinto que termino o texto mais por obrigação, visto que encheu antes da hora. Talvez fosse melhor que utilizasse menos palavras.

Rachel de Queiroz escreve num tamanho bom, com aquela conversinha que me faz imaginá-la, sempre, com uma xícara de chá, sentada numa cadeira de balanço, falando comigo que está ali: sentado no chão, olhando pro alto, ávido pelas suas palavras numa gostosa manhã ensolarada de domingo. Veríssimo, que conquista uma atenção maior do leitor, consegue, muitas vezes, deixar um gostinho de “quero-mais” no ar. Talvez fosse melhor usar mais palavras.

Arnaldo Jabor também tem um tamanho bom de texto porralouquésimo, como sempre. Danuza Leão traz o aroma das flores para a sempre insípida segunda-feira, prenúncio de uma longa semana, amenizada por suas palavras de mulher madura. Uma voz feminina, logo no início do dia, faz-nos caminhar melhor.

O que pude concluir é que, na média geral, os textos têm entre 650 a 1300 palavras. Tamanho sempre bom. Às vezes são menores (e ficamos com vontade de mais), com suas 400 a 500 palavras; às vezes são mais longos (e Ubaldo é o rei desses alongamentos) com suas 1400 a 1700 palavras. Estes últimos, se não forem bem conduzidos, cansam.

Não precisei fazer esforço para perceber que meus textos estavam com o tamanho que julguei bom. Minha média era de mil palavras e achei-me entre os cronistas “normais”.

Eis que me surge um concurso de crônicas prometendo mil paus para o que mais se destacar. Mil paus não é muito, mas o reconhecimento... Esse não tem preço. Entrei nessa. Falava-se em não ultrapassar os 3000 caracteres. Fixei-me no número e esqueci-me de que eram caracteres, não palavras (como outrora eu contava). Desconfiei de que era muito. Por que três mil palavras? Nem perdi meu tempo pensando nisso e logo enviei minha crônica “Paralelos”. Aguardei. Paralelo a isso, recebi a resposta de que ultrapassara “e muito” (palavras do organizador) os três mil caracteres.

“Caracteres?”. A ficha caiu, finalmente. E então a coisa mudou de figura: três mil caracteres é pouco. Encontra-se, nesse patamar, aquelas crônicas pequenas, que deixam um gosto de “quero-mais”. As minhas sempre ultrapassam, e é melhor eu verificar agora a quantas anda...

Eu não disse? Dois mil trezentos e quarenta e três, e só esse numeral já comeu-me valiosos trinta caracteres! E o pior é ficar parando para contar se já passou ou não o limite pré-requisito para as mil moedas que valem o tal concurso.

Dois mil quinhentos e trinta e quatro e ficamos assim. Não será possível dar o meu recado mesmo. Não como gostaria: concluindo aquela pesquisa sobre o tamanho dos textos. Queria tecer maiores considerações sobre os autores que citei e de quem sou fã, mas isso demandaria incluir centenas a mais de caracteres “não aceitáveis”, digamos assim.

Resta-me parar agora, sem terminar mesmo, e esperar as reações. Este limitado por 3 mil caracteres, juro, não sou bem eu. No entanto, com a chegada das próximas semanas e dos subsequentes exercícios a que me dedicarei com afinco, eu vou me acostumar a essas margens da palavra escrita. E eu achava que escrever era uma forma de liberdade. Três mil e cem. Já devia ter-me calado. Serei perdoado?



FAUTH
wallacefauth@ibest.com.br
http://fauth.blogspot.com.br/

 

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui