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cronicas-->É preciso ter coragem para amar! -- 17/09/2003 - 12:21 (Graziella Davanso) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O dia para ela começou assim flexível, manso, com a água descendo intensamente do céu, já sinalizando antecipadamente a mensagem do dia.
Levantou-se, tomou um banho restaurador e como de costume começou a aquecer-se para a meditação matinal. Sentiu-se especialmente aberta, disponível, capaz de acolher protegidamente alguém, que já pressentia, estava para chegar.
Em meio ao esforço para concentração, eis que surge em sua frente uma entidade, um menino confuso, bravo, disposto a chamar a atenção. Mas como ela já acordara receptiva, olhou bem no fundo de seus olhos e viu a verdade: uma criança pedindo para não ser mais negligenciada.
Com o coração aberto, pegou-o no colo como quem pega um filho cujas manias e trejeitos conhece-se muito bem. E disse:
- O que está acontecendo, meu pequeno? Porque está assim? Isso só te deixa mais confuso ainda e a mim também. Não vamos a lugar algum desse jeito.
Sem conseguir responder às perguntas que ela lhe fazia deixou as lágrimas começaram a escorrer de seus olhinhos como quem esperava por esse momento há muito tempo.
Ela também emocionada compreendeu, e disse:
- Ok - acolheu-o mais calorosamente em seus braços - Já entendi. Você quer vir comigo, não é? Então vamos, mas pare de chorar agora e me acompanhe, caminhe ao meu lado.
Não precisou falar muito, apenas agir, e dessa forma enxugou-lhe delicadamente a lágrima que não era de tristeza, mas de quem consegue finalmente ser reconhecido em sua mais pura verdade, e o convidou para com ela se elevar.
Alguns minutos depois, com ares de admiração, o menino passou a fazer exatamente tudo que ela fazia, na mais perfeita sincronicidade, e como aprendeu rápido.
Que momento especial, ela pensou, com a chuva que continuava a cair forte lá fora tornando tudo mais aconchegante.
Ao final despediu-se dele com um beijo, que sorrindo foi embora. Após alguns pequenos preparativos saiu para trabalhar tranquila, preenchida, confiante.
Dessa simples experiência ficou uma lição que mais lhe parecia uma benção, um desses pequenos, porém, não menos importantes milagres que acontecem todos os dias para quem está disposto a ver a verdade.
Para ela, que a vida inteira sempre teve as verdades a se anteciparem no coração, sabia que estava em suas mãos o instrumento que, além de servir-lhe de autoconhecimento, provavelmente haveria de utilizá-lo em seu trabalho durante todo o dia, pois sua profissão estava baseada no seguinte princípio: conhece-te a ti mesma e compartilha.
A mensagem do dia? "É preciso ter coragem para amar".
Para isso, abrir o coração, acolher quem se aproxima, não importando quem seja, de onde venha, o que já tenha feito na vida, pois se perto chegou é porque alguma razão há, houve uma atração. Mesmo que esse encontro seja apenas um momento.
Abrir o coração mesmo que essa pessoa a se aproximar mostre-se arredio e desconfiado, podendo escolher partir de um ponto de vista ecologicamente sustentável no que se refere às relações humanas, ou seja, ver-se integrado, parte do meio, portanto, diminuindo em grande escala a possibilidade de haver indiferença, porque subentende-se que existe sempre a possibilidade de que algo possa ser aprendido por ambos.
Abrir o coração sem julgamentos de valor do tipo certo ou errado, bom ou mal, ou para atitudes narcisistas e egocêntricas, pois para quem realmente compreende-se integrado sabe que a verdade está para além das dualidades e dos extremismos.
Abrir o coração também (e isso é bem mais fácil) para pessoas sinceras, humildes e que compreendem o verdadeiro sentido de conviver sem negligenciar. Pessoas que sabem ouvir a verdade mais pura que segue no rio de outros corações, mesmo que se mostre dura e negra, porque se deixa ser tocado sem medo, sabe o limite. Pessoas que conseguem num esforço contínuo diferenciar o que é seu, o que é do outro, o que é de ambos, o que é do mundo e o que não é de ninguém. Pessoas raras que não temem contato porque sabem que afeto não se vende, não se empresta, não se pede, muito menos se implora, pode naturalmente brotar sem esforço algum, mas também pode ser conquistado de forma solidária, desde que alguém nessa história esteja realmente disposto a ouvir receptivo e acolhedor.
Abrir o coração, em primeiro lugar, para essas entidades tão negligenciadas e que fazem parte da persona de cada um, que pedem, suplicam para serem apadrinhadas, integradas, pois trazem em seu cerne a cura como diz Stephen Gilligan em seu livro "A Coragem de Amar". E aí sim, a máxima cristã, "Ama o próximo como a ti mesmo" encontra o verdadeiro abrigo na alma humana e se prolifera naturalmente, deixando mais próximo de se tornar realidade o sonho de muitos corações que anseiam por uma sociedade mais justa, mais tolerante, mais cooperativa, mais humana e principalmente mais pacífica.
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