Silêncio
Denso, intrigante
Vejo-o, apalpo-o
Enfrento-o, mas ele mostra os dentes e vence
Enfadanho, sonolento
Este silêncio me cansa
Não me permite avançar, produzir, poetar
Nada.
Ele se agiganta ainda mais e me assombra
Por fim, rendo-me ao seu apelo e recosto-me no travesseiro, tendo tantas coisas por fazer, sempre lá a minha espera.
O sono silencioso fecha-me as pálpebras entregues
e reina como um tirano à espreita
Ele, o silêncio, por tantas vezes almejado
Agora me assola, me maltrata
Descobri que nesta grande metrópole ter silêncio é luxo
E como não sou luxuosa, estranho este silêncio.Irrito-me com ele.
Ninguém fala, nem o telefone toca, só o vai-e-vem tímido do elevador e o movimento distante das árvores ao vento.
Nada,
Apenas eu e o silêncio. A solidão.
A noite. A ausência. O nada começa outra vez...
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