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Cordel-->Cordel de rede. Reportagem do Correio Braziliense -- 28/12/2001 - 17:25 (Daniel Fiúza Pequeno) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Brasília, quinta-feira,
20 de dezembro de 2001

Matérias
cultura
Cordel de rede

De como um dos gêneros mais antigos da literatura popular foi parar na Internet

Paloma Oliveto
Da equipe do Correio


O cordel saiu do varal e foi parar na rede. Não na de pescador; mas naquela, cerzida com bytes e pixels. É na Internet que cordelistas da nova geração encontram espaço para divulgar e manter a tradição de um dos gêneros mais antigos da literatura popular.
De origem incerta — a tese mais aceitável é que tenha nascido na Península Ibérica —, o cordel chegou ao Brasil nas caravelas que trouxeram os primeiros colonizadores portugueses. Aqui, foi adotado, apropriado, ‘‘patenteado’’ informalmente. Virou coisa nossa.
Nas feiras populares, onde os folhetos são presos em cordões (ou varais), a época de ouro do cordel aconteceu nas décadas de 30, 40 e 50. Tempos de coronelismo, guerras, cangaço. Perdeu o fôlego e teve até morte anunciada: ‘‘A literatura de cordel não volta mais. Tudo tem seu ciclo vital. As grandes obras já foram feitas’’, decretou o pesquisador pernambucano Liêdo Maranhão de Souza no livro Classificação popular da literatura de cordel. Pois a Internet está aí, para atestar que o cordel não só está vivo como já entrou na era da tecnologia.
Candidato a ocupar a cadeira 21 da Academia Brasileira de Letras (ABL), do patrono Joaquim Serra, que vagou com a morte de Roberto Campos, o poeta e escritor cearense Gonçalo Ferreira da Silva, 64 anos, acredita que o cordel da web deve ser considerado um novo gênero literário: ‘‘Os poemas que aparecem nos sites não atendem ao requisito primordial, que é o próprio folheto’’.
Desde 1988, Gonçalo preside a Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), com sede no Rio de Janeiro. O escritor defende a modernização do cordel, buscando uma poesia mais polida e gramaticalmente correta, ‘‘mas sem perder o sabor tradicional, a beleza rítmica e sonora’’, faz questão de frisar. Levar o gênero para a Internet é também um meio de atualização. ‘‘Não podemos nos desfazer de um veículo extraordinário como o computador. Se a temática e o conteúdo forem os mesmos que os tradicionais, então muito bem’’, aprova.
Resgate de raízes
Na maioria dos sites, a estrutura métrica (estrofes com quatro, seis ou sete versos são as mais comuns) é mantida. Em alguns, como o da Associação do Cordel Online, as características xilogravuras são reproduzidas. E a temática também não mudou. São poemas de amor, ‘‘causos’’, sátira política, elegias, sagas e por aí vai. Personagens como Lampião e Padre Cícero dividem espaço com Pelé e Fernando Henrique Cardoso.
Nascido e crescido ao som da cantoria de viola, o advogado e engenheiro cearense Rubenio Marcelo, 40, também é músico, compositor e poeta. No site da Usina de Letras, publica seus cordéis. Ao contrário de Gonçalo Ferreira da Silva, Rubenio não vê desvantagem na mudança de formato — de folheto para coisa virtual, impalpável. ‘‘A Internet é apenas um meio para que a divulgação dessas obras alcance mais rapidamente um maior número de pessoas’’, acredita.
Diferentemente dos cordelistas do século passado, os poetas da rede geralmente têm nível superior, vivem de suas profissões e abraçam o cordel como forma de resgatar raízes. Em comum, quase todos são do Nordeste e cresceram ouvindo repentes e lendo folhetos. Natural de Natal (RN), o médico pediatra João Rodrigues, 46, apaixonou-se pela cultura popular aos 12 anos, quando o pai o levou para assistir a um desafio. ‘‘Só agora, virando o Cabo da Boa Esperança’’, brinca, ‘‘é que tive oportunidade de entrar no assunto, graças a alguns sites’’.
Na Internet, o médico descobriu-se cordelista. Com o apelido de Bode Velho, entrou em uma página e danou-se a disputar versos com Rouxinol do Cavalão, brincadeira que durou quatro meses. Mais de três décadas depois de ter visto pela primeira vez um desafio entre poetas populares, João Rodrigues foi, ele mesmo, protagonista de um duelo verbal. ‘‘Acho que o que estamos fazendo é um tributo àqueles que conseguiram deixar seus nomes registrados na literatura de cordel’’, diz.
Também foi graças à web que o escritor e artista plástico Daniel Fiuza Pequeno, cearense de Caucáia, 47 anos, entrou para o ramo dos cordelistas. Nos tempos de criança, encantava-se com os folhetos comprados em feiras, confeccionados com histórias mirabolantes e xilogravuras áridas. ‘‘Talvez influenciado por excelentes cordelistas que conheci na Internet, comecei com quadras, depois descobri sextilhas, sete linhas e décimas, que adoro fazer’’, conta.
Mas, como dizem os cordelistas que, para fazer propaganda de seus folhetos, ‘‘cantam’’ os poemas nas feiras, ‘‘quem quiser saber mais compre o livro’’. Ou melhor, entre nos sites.

SERVIÇO

Alguns sites que publicam cordéis:
www.usinadeletras.com.br
www.literaturadecordel.hpg.ig.com.br
www.ablc.hpg.com.br
www.cordelon.hpg.ig.com.br


O cordel na era da tecnologia

Autor:Daniel Fiuza

Na era da tecnologia
O cordel está presente
Publicado na Internet
Ele não está diferente
Conserva sua raiz
O povo canta feliz
O poeta está contente.

Em São Paulo ou Nordeste
Ainda tem cordel na praça
No bairro do Braz é festa
Em Caruaru tem quem faça
O cordel está bem ativo
Eu tenho o meu motivo
De fazer cordéis com graça.

Existem bons cordelista
Escrevendo com paixão
E publicando na web
Com igual qualificação
Fazem quadras e sextilhas
Suas décimas maravilhas
E não perdem a raiz não.

Tem médico e engenheiro
Poetas bem qualificados
Fazem como os antigos
Cordéis que são publicados
Em belos sites de poesias
Fazem sempre com alegria
Entram lá e dão o recado.

Tem cordelistas porretas
Sem nenhuma formação
Mas sabem fazer cordéis
Com grande dedicação
Na Internet publicam
O povo gosta, eles ficam
Fazendo sua arte então.

Tem sites especializado
Que só publicam cordéis
Conta a história e divulgam
Os tempos dos coronéis
Mostram livretos e figuras
Desenhos e xilogravuras
De poetas e menestréis.

O cordel vai viajando
Em grande velocidade
Vai para todos países
Mostra a nossa realidade
Na era da tecnologia
A emoção ainda é o guia
E mata a nossa saudade.

Já dizia Ariano Suassuna
O cordel nunca morreu
Nem o cordelista bom
Jamais desapareceu
Agora na Internet
Eu não vou jogar confete
Mas o cordel sobreviveu.

As origens estão mantidas
E os temas estão atuais
Cada dia os fãs aumentam
Todo o dia chega mais
O cordel por computador
É bom como o anterior
É uma tendência eficaz.

O cordel na Internet
Está muito mais acessível
Sua divulgação é maior
Existe cordelista incrível
Ele não vai se elitizar
E todo o povo vai gostar
Sua vinda é irreversível.

O escritor Daniel Fiuza Pequeno compôs, com exclusividade para o Correio, o poema O cordel na era da tecnologia. Fiuza tem um livro lançado, Poemas de amor e paixão, da Editora Scortecci, que pode ser adquirido pela Internet (www.asabeca.com.br) ou diretamenta com o autor, no e-mail domfiuza@ig.com.br







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