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Artigos-->Astrologia e Defesas -- 18/08/2002 - 14:38 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Astrologia e Defesas



por Jefferson Cassiano





Nos últimos anos falar de karma virou obrigação. Quem diria: o karma é pop! Com a popularização da Terapia de Vidas Passadas a pergunta fundamental "quem sou eu?" foi retrogradada para "quem fui eu?". Também é comum que o mapa astral kármico, que aborda a atuação da alma em cenários de outras existências, seja consultado bem antes do mapa natal da vida presente. Fácil de entender. As reportagens e matérias sobre TVP e Astrologia Kármica, bem como o "boca-a-boca" feito pelos clientes que passaram por sessões de regressão, enfatizam o aspecto fantástico e fantasioso dessas práticas terapêuticas. O interesse maior do consulente está, quase sempre, em questões acessórias do tipo "Meu namorado era meu pai em outras vidas?" ou "Eu sinto que morava na Itália. É verdade?". Esta postura enfumaça a função da Astrologia Kármica, conforme idealizada por Edgar Cayce: usar o conhecimento sobre suas ações passadas - o significado da palavra karma em sânscrito é ação - para promover o autoconhecimento no aqui e agora.

Quando valorizam os rococós de seu mapa kármico os clientes perdem a chance de se aprofundar em si mesmo e, portanto, de reconhecer fraquezas, encarar ansiedades e aceitar as suas verdades. Ou você acha que todo ser humano está comprometido consigo mesmo? A grande maioria reserva muito pouco tempo para o exercício sadio da auto-análise ou da meditação sobre seus reais impulsos nesta vida.



A palavra em questão é defesa. Freud já dizia que o homem foge da dor tanto quanto busca o prazer. Ninguém gosta de sofrer, nem quando o sofrimento está relacionado ao crescimento pessoal. A postura descrita por Hamlet como "pegar em armas contra um mar de perturbações e, opondo-nos, pormos fim a ele" requer muita determinação para ser efetivada na vida real. O mais natural é que o cliente, diante de revelações dolorosas contidas na interpretação de seu mapa astral, prefira dar atenção somente aos aspectos leves e prazeirosos da consulta. É a velha estória da cartomante que dizia para cada cliente que ele era um ser iluminado, maravilhoso e prestes a mudar para melhor sua vida financeira e que fazia o maior sucesso. Outra estória e aquela que diz que a verdade dói mas faz crescer.



Como, então, deve proceder o astrólogo quando deparar com esses mecanismos de defesa? Se o astrólogo ainda estiver na Idade Média, usando a astrologia para fazer predições de sucesso ou mal agouros ele não terá problema nenhum com as defesas de quem quer que seja, pois jamais vai tocar em complexos fundamentais do cliente. Esses astrólogos - muitos, infelizmente - vão continuar faturando alto com o sofrimento alheio, ao que parece, por muito tempo. Agora, para o astrólogo pós Freud, Jung, Adler, Reich, enfim, pós psicoterapia moderna, o problema é sério.



Várias foram as reverências feitas pela psicologia ao potencial da astrologia como instrumento terapêutico. Jung afirmou que "a astrologia representa a soma de todo o conhecimento psicológico da Antigüidade" e que, portanto, "merece o reconhecimento da Psicologia Moderna." No seu livro Astrologia, Psicologia e os Quatro Elementos, Stephen Arroyo defende a independência, e até a supremacia, da Astrologia em relação a Psicologia como método de auto compreensão. É inegável que a interpretação consciente e bem intecionada de uma carta natal lança luzes poderosas sobre vários complexos e traumas humanos com uma velocidade muito maior que aquela obtida pela psicoterapia. A relação do cliente com o pai e a mãe, por exemplo, é bastante evidente num mapa e fundamental para estabelecer certas posturas na vida dele. Com o apoio de uma poderosa e rica simbologia, o astrólogo sabe com rapidez com quem está falando e sobre o que falar. Teoricamente, poderia resolver tudo mais rapidamente. Teoricamente.



A palvavra, novamente, é defesa. Mesmo falando em uma bem intencionada Astroterapia, ninguém disse que o fato do astrólogo estar ciente de um problema capacita o cliente a resolver tudo, num passe de mágica. Logicamente, a astrologia acelera o processo. Mas somente até o ponto em que os mecanismos de defesa do cliente - e as defesas e preconceitos do próprio astrólogo - permitem. Citemos o exemplo de uma cliente que enfrenta sérios problemas em seus relacionamentos devido a uma dificuldade de encarar sua feminilidade. No mapa está claro que o problema começou com um entrave na convivência com a mãe, durante a infância. Quando incentivada a falar sobre esse problema, a racionalização e a negação agiram rápido: "De forma alguma! Minha mãe é ótima. Eu não tenho problemas com ela. Ela me obrigava a tocar piano na frente de toda a família e eu odiava, mas eu não tenho nenhum problema com minha mãe. Muito pelo contrário...eu nem falo com ela há anos." Para a cliente nunca existiu problema algum. Para o astrólogo isso é evidente. Mas de nada adiantaria insistir naquele momento.



A tal Astroterapia deve combinar a agilidade do diagnóstico oferecida pela simbologia do mapa e a técnica de abordagem da psicoterapia. Parece ser um caminho sólido para vencer a barreira dos mecanismos de defesa. No livro O homem e seus símbolos, Jung dá várias dicas sobre a abordagem adequada a cada tipo humano durante um processo terapêutico. Ele conta a história de um paciente a quem tratou por nove anos, algumas semanas por ano. Nas primeiras sessões, Jung já havia diagnosticado qual era o problema, mas percebeu uma forte atitude defensiva do paciente, a ponto de prever uma ruptura entre eles, caso insistisse na questão naquele momento. Apesar de, aparentemente, não abordar o ponto crucial, diretamente, durante anos e anos, havia uma significativa melhora. No décimo ano, o paciente considerou-se curado e discorreu sobre sua neurose com grande tranqüilidade, agradecendo ao terapeuta pela paciência e tato! Se estivesse diante de um astrólogo, o paciente de Jung poderia ter recebido um improdutivo "soco na cara" que não resolveria o seu problema.



O astrólogo precisa assumir responsabilidades. Ao seguir a metodologia dos adivinhos medievais ele perde a chance de contribuir para o autoconhecimento do cliente. A época da "banquinha de astrologia", com consultas de uma hora, onde a personalidade do cliente vira um sanduíche fast-food sem tempero não combina com a chegada de uma Nova Era. O acompanhamento deve continuar até que o problema seja efetivamente resolvido. Assim a astrologia, ou astroterapia, cumpre o papel a que se destina: promover a auto compreensão. Do contrário, continuamos tendo que ouvir mais histórias sobre mapas kármicos de pessoas que viveram na Europa, feito lordes e que hoje não conseguem por ordem na própria vida!









BOX: CONHEÇA AS DEFESAS, SEGUNDO FREUD



REPRESSÃO: Afastar um evento da consciência, impedindo a solução. O fato reprimido continua sendo um problema em algum lugar da psique. Evita a realidade.



NEGAÇÃO: Tentativa de não aceitar como real um fato que perturba o ego. Fantasiar, fingindo que determinado fato não aconteceu. Exclui a realidade



RACIONALIZAÇÃO: Achar motivos aceitáveis para pensamentos ou atos inaceitáveis. Disfarce intelectual. Recria a realidade.



FORMAÇÃO REATIVA: Esconder o desejo real atrás de um desejo totalmente contrário. Inverte a realidade.



PROJEÇÃO: Atribuir a outra pessoa uma característica que se origina em si próprio.



ISOLAMENTO: o fato que incomoda é separado do restante da psique e tratado de forma fria, como se estivesse acontecendo com outra pessoa. Divide a Realidade



REGRESSÃO: Agir de maneira infantil quando confrontado com o fato gerador de ansiedade. Escapa da realidade





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