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Artigos-->Fazendo o novo de novo -- 18/08/2002 - 14:41 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Fazendo o novo de novo



Qualquer atividade pede o Espírito do Guerreiro



por Jefferson Cassiano



Tenho poucos CDs. Poucos e preciosos. Gosto de trabalhar ouvindo música. Agora, por exemplo, escrevo ao som de Zélia Duncan e sua Intimidade. Outro dia descobri uma maneira simples de transformar minha pequena discoteca, já tão surrada, em novidade. Não fiz mágica nem gastei um tostão. Apenas aproveitei uma função que o meu velho CD player sempre me ofereceu e a qual eu nunca dei a mínima atenção. Apertei a tecla Shuffle/Randon, que diz para o computadorzinho tocar as músicas fora de ordem, do jeito que ele achar melhor. Antes era tão automático: colocar o CD empurrar o carrinho e ele rodava sozinho. Simples. As músicas andavam sempre numa ordem exata, fixa e linear. Agora é uma surpresa atrás da outra. E o CD player nem é o tal carrossel para 5 discos!

O engraçado é que esse pequeno ritual faz a gente pensar em quantas vezes num só dia somos robôs. Levantando sempre na mesma hora, tomando o mesmo café da manhã na mesma mesa, trabalhando do mesmo jeito sem questionar se estamos gostando, pelo menos um pouquinho, da ordem das músicas na nossa vida. "A mesma praça, o mesmo banco, as mesmas flores e o mesmo jardim. Tudo é igual mas estou triste por que não tenho você perto de mim" - já anunciava o sucesso popular da minha infância. Talvez a moça da estória tenha ido embora porque o mocinho não fez nenhuma mudança em sua vida: não trocou as margaridas por rosas, não pintou o chão da praça, não arrumou novos passarinhos e, principalmente, ficou sentado naquele mesmo banco esperando sabe-se lá o que.



A gente faz muita coisa por repetição. É claro que a educação que recebemos nunca valorizou as diferenças. Lembra do uniforme do colégio: calças azuis, camisas brancas e sapatos engraxados com meias também brancas? O uniforme serve para isto mesmo: acabar com as diferenças, rotular, facilitar a identificação. Na guerra também faz bastante sucesso essa história de farda. Mas nós não estamos mais no colégio e, creio, não pretendemos guerrear no Golfo.



Mas vamos guerrear, senão no Golfo, em nosso próprio campo de batalha. O segredo é esse: espírito de guerreiro. Tudo bem que Lao Tsé dizia que "os guerreiros têm paciência para esperar que a lama assente e que a água clareie". Mas o mesmo Lao Tsé afirmava que os guerreiros " esperam de braços abertos para acolher todas as coisas, prontos a se valer de qualquer situação e, sem pensar em nada, materializam a Luz." As duas qualidades são fundamentais para sair do marasmo da mesmice: paciência para esperar a hora de mudar, iniciativa para mudar quando chega a hora. O detalhe é que algumas coisas em nossas vidas já estão esperando pelo guerreiro há muito tempo. E o momento oportuno para algumas mudanças em atraso é ontem!



Na astrologia a virtude da paciência é atribuída ao signo de Touro. Os taurinos são realmente capazes de esperar, de continuar agindo do mesmo modo quando consideram necessário. Essa louvável capacidade de inércia pode se transformar em tamas, como diziam os hindus. Os tamásicos sacrificam o touro da própria criatividade em favor de uma rotina, de horários impostos por outras pessoas, em troca de uma falsa compensação: dinheiro, segurança, poder e coisas do gênero. O guerreiro, nesses casos, sentou no touro e deixou o bicho ficar pastando, tranqüilo, por uma boa parte da vida. Mas chega uma hora que o capim acaba e o indivíduo tamásico, taurino ou não, cai em si e grita: "o que foi que eu ganhei fazendo tudo sempre do mesmo jeito?" - ou então: "quem reconheceu meu esforço, trabalhando doze horas por dia, sem férias, sem aumento, sem carinho?". Encurtando a história: tamas em excesso faz mal para a alma.



O guerreiro precisa de uma guerra e você tem um guerreiro com a espada em riste aí dentro, pronto para mudar umas dúzias de detalhes que já vão fazer a diferença entre uma seleção musical sem graça e uma discoteca animada, cheia de energia.



Pergunte a você mesmo. Ninguém disse que você tem que fazer assim ou assado porque todo mundo faz. Pergunte a si mesmo: por que estou lavando a louça agora? Por que estou correndo pra chegar ao trabalho? Por que estou colocando esta roupa? Por que não? Por que sim?



Pergunte aos outros. É surpreendente, mas pouca gente sabe o motivo que as levam a fazer certas coisas. Pergunte para os seus amigos: você pode me dizer, pelo amor de Deus, por que é que você sempre anda do lado de fora da calçada? Porque você não come brócolis? Você gosta tanto de desenhar, por que você não pensa nisso com seriedade? Aplique as conclusões na sua própria vida sempre que possível.



Mude alguns horários. Se acha que não pode mudar, ainda, os horários de trabalho, mude outros. Mude o horário do seu almoço, trocando com um colega. Coloque as crianças para estudar em outro horário e mude sua rotina de acordo com isso. Parece pouco. Mas você vai ficar surpreso com a quantidade de gente nova que vai entrar na sua vida. E gente nova é energia nova e renova!



Mude alguns hábitos. Se costuma comprar na Padaria do Seu João há dez anos, mude! O Seu João não agüenta mais a sua cara! Compre em outra padaria pelo menos em alguns dias da semana. Sente-se no meio da torcida adversária só para ver como é estar do outro lado - só tome o cuidado de não gritar gol quando o seu time marcar.



Mude algumas posições. Sexuais, políticas e religiosas. Considere na perspectiva dos seus amigos. Fale sobre o seu ponto de vista, escute sempre as teorias dos outros e mude o que achar que deve. Se achar que não deve mudar nada, nadinha, então, você é quase um deus, ou está com dificuldade de abrir mão de pontos de vista ultrapassados.



Esteja sempre alerta. O guerreiro deve estar sempre pronto para começar um novo processo de mudança.



São apenas algumas dicas. Mude as dicas, invente outras. Mas mude alguma coisa. Faça como sugere a Zélia, numa das faixas do CD Intimidade:



" Faça o que é bom

sinta o que é bom

pense o que é bom

bom pra você!

Pese o que é bom

perceba o que é bom

decida o que é bom

bom pra você!"





Vá à luta, guerreiro, que eu vou trocar o CD que acabou de acabar. Que tal um Gilberto Gil com direito a shuffle?



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